com meu amigo Pablo Jardineiro, por entender tão bem o espírito anárquico do Maio de 68, traduzindo-o em fato e em prosa, numa noite fria de junho, sob o som do rock, num lugar chamado Independência.
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Obs.: Aos naufragos de outras paragens, perdão pelo subtexto, as vezes ilegível, para quem não convive com esta tribo de cá.
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Boa noite ouvintes e ouvintas
M
Estamos aqui esta noite, por muita coisa, talvez por coisa nenhuma – e é por onde caminha a humanidade: por coisa nenhuma e todas as coisas – terminando numa grande desilusão farsesca das vidas de cada um de nós, nossos fantasmas, nossos eus, nossas fronteiras, nossas estruturas, nossas oceanos subjetivos.
M
Gostaria de fazer um anti-manifesto, anti-saudosista (porque assim eram muito mais lindos os meus tempos!).
M
.Quero deixar aqui, o pó das traças da velharia mórbida, parada, jogada no canto de um quarto, de um quarto.
M
Quero construir na cultura nossa de cada dia, um sentido a la 1968. Mas não sou 68, sou 2008. E sendo assim, não me contento com 68 segundos. Peço que as grades protocolares sejam moto-serradas e que me possibilitem a apropriação de 2 minutos e 8 segundos!.Que me deixem fazer o velho, em forma de novo. Porque o novo é o velho restaurado, reconfigurado, reformado, aliás, DESFORMADO!
M
Que me deixem não repetir, não reproduzir, não ser o que já foi. Que me deixem gritar e calar, que me deixem dar um coice nas fronteiras, que me deixem construir, destruir, que me deixem ir, vir. Que me deixem devir!
M
Que me deixem absolutamente livre. Que me escutem e me compreendam. E se não, não importa, o azar é deles!
M
E ao me deixar, que deixem a todos. Que deixem as gerações: as do leite, as do sexo, as do trabalho, as da bengala. Que deixem, aliás, essas categorias para trás, porque enfim somos todos fio do mesmo fim!
M
Nos misturamos e nos moldamos. Somos corpos em movimento e em diálogo! Somos construtores, produtores de cultura, sentido, significado, subjetividades!
M
E se assim passar do tempo. Que me deixem. Porque isso não é 68, nem mesmo é 2008. Afinal “o que foi não mais existe; existe exatamente tão pouco quanto aquilo que nunca foi. Mas tudo que existe, no próximo momento, já foi” (Arthur Schopenhauer).
M
hasta
Pablito em 13.06.2008.
SEXTA-FEIRA 13: O AZAR FOI DELES!
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