meus... nossos...
Tudo era muito simples e estava decorado com panos de chita. O silencio rareava, e quando dei por mim a alegria entrou palco à dentro acordando todos os sentidos. Ela veio montada numa burrinha e estava vestida de menina flor. Foi uma festa! Comecei a chover. Depois descobri que a alegria também atendia pelo nome de Isabel.
Isabel apareceu misturada aos brincantes. Juntos eles me contaram histórias de pertencimento, me puseram a cantar, a sorrir, a dançar. E como se estivessem desvendando um mistério – tão certo, tão seguro – me trouxeram alimento, me devolveram a identidade. Foi um alívio.
Deixei um tanto da bagagem na cadeira do anfiteatro, esqueci os comprometimentos com a imagem de mulher pós-moderna e tecnológica (mesmo que eles continuassem existindo), desliguei-me dos nós “intergalácticos”, ensurdeci aos barulhos da cidade movimentada, recuperei parte das minhas referências perdidas e (re) signifiquei intimamente o papel da arte popular.
À margem das teorias, ou no mínimo despreocupada em atendê-las ou negá-las, foi ali, diante da alegria dançante, do palhaço Aleluia, do contador de histórias e do mestre tocador que apanhei o sentido de cultura, num modo contínuo, ao mesmo tempo invariável e mutante. É a partir desta cultura que nos constituímos e reconhecemos como sujeitos históricos. Construídos em e pelas partes. Pedaços das histórias e dos outros outros do nosso passado, daqueles que chegaram e pedaços daqueles que partiram. Também somos pedaços do presente, do novo que nos chega, sujeitos cuja caminhada atravessa e é revelada por todos os discursos que produzimos e consumimos.
Então alguém (leitor) deve estar pensando, mas isso é o óbvio, inclusive já foi dito e não está à margem das teorias. Bom, para estes esclareço: uma coisa é o óbvio que tu lê nos livros e tenta encontrar no meio de uma porção de racionalidade, outra, completamente mais complexa é aquele óbvio, tão constantemente estudado e visitado nos livros, que, de repente, num certo dia, tu consegue perceber com os cinco sentidos, e aí mal consegue explicar.
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3 comentários:
Não consigo explicar... Foi uma experiência incrivelmente mamulenga.
Te adoro
Beijos
Aleluia!
Isabel!
Biba!
Pablito!
Gica!
Personagens...
vivos!
Vamos mamulengar muito por aí!
Adoreeei... um dia ainda lerei um livro te e com certeza ele não será um livro técnico, pois este dom das palavras não pode ser desperdiçado ao vento....bjs mãe Dô.
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