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Voto por nós (eleições 2018)

Nos últimos dias, assisti, estarrecida, juízes regionais determinando o recolhimento de faixas (que ñ traziam o nome de nenhum candidato) e proibindo manifestações estudantis; 2. policiais invadindo universidades, interrogando professores, interrompendo aulas, palestras e recolhendo materiais; 3. vi, no trajeto do meu cotidiano, frases escritas em muros e paredes que não imaginei mais possíveis neste momento, frases que pregavam o preconceito e o desrespeito; 4. ouvi, de pessoas próximas, relatos de doer o coração sobre situações de intimidação verbal e física diante daquele considerado divergente, diferente, distinto e diverso; e, 5. presenciei (ninguém me contou) a agressividade de apoiadores do Bolsonaro ao encontrar, ou procurar, pessoas ou grupos que deles divergiam. Assisti, vi, ouvi, presenciei... e tive medo. Todas situação que ferem o estado de direito.

O processo eleitoral desencadeado pelo discurso arbitrário de Jair Bolsonaro autorizou a barbárie, o preconceito, a ideia de faxina social, de abuso do poder, e abriu uma caixa de Pandora que, ainda que ele perca, não vai ser fechada rapidamente. Daqui, para os anos seguintes, vamos colher e sofrer com a circulação desses discursos e fazeres, que se sentem, agora, autorizados e fortalecidos.

Mas como na história do mito grego, Pandora deixou escapar todos os males do mundo, menos a "esperança". E é alimentada pela capacidade humana de manter-se perseverante, mesmo quando as situações se mostram bastante adversas, é que eu não desanimo.

Amanhã voto pelo povo brasileiro, pelo direito de voz (até para ser oposição se necessário for, porque sou crítica e não concordo com a cafajestada que o PT fez com a história política do país). Amanhã voto num professor, como eu. Voto pela democracia, pela pluralidade de vozes, pela liberdade de expressão, por um Brasil pautado pela justiça social, pela igualdade e pela diversidade. Amanhã voto pautada pelos princípios da minha formação, como cidadã, pelos princípios da minha profissão, como jornalista e professora. Voto pelo futuro do país onde quero que meu filho cresça. Voto por nós.

#elenão
#Haddadsim
#HaddadeManu
#Haddad13
#viravoto

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Sobre meu voto no segundo turno, a quem interessar possa (eleições 2018):

Não vou abandonar as minhas críticas ao PT, minha crítica a sua negação e falta de autocrítica. Na minha percepção o comportamento do partido envergonhou a história democrática desse país, história essa que ajudou a construir. 

Entretanto, quando em 1996 passei a acompanhar o PT, o fiz porque, na época, entendi que ele representava um conjunto de ideias, de princípios, de valores que eu nutria e com os quais compactuava. O partido, como instituição política me decepcionou profundamente, mas eu ainda cultivo aquelas ideias, ideias de um Brasil que eu quero para mim, que eu sonho para os brasileiros. Por isso, apesar de o partido ter falhado, das pessoas, dos líderes terem falhado (porque uma instituição assim é feita de pessoas), neste momento vou apoiá-lo novamente e votar no Haddad. 


Vou fazer isso porque acredito que a história também pode ensinar a este partido uma boa lição, e nós, nós podemos ser vigilantes quanto a isso. Mas mesmo nas falhas, o PT nunca me traiu quanto a oportunidade às minorias, a proteção dos Direitos Humanos e ao respeito a diversidade: valores essenciais... por isso acho que merece, neste cenário, meu voto de confiança. 

Digo nesse cenário porque, por outro lado, não posso eleger, ou ajudar a eleger (com minha negação), alguém que claramente fere esses princípios, os princípios da dignidade humana. Porque por enquanto (e digo isso já duvidando) essa violência está apenas nas palavras mal postas, na truculência da fala. Mas se o elegermos, estamos passando um atestado de que isso pode, além de um discurso, virar um fazer. Estaremos passando um atestado de que isso pode e de que todos estão autorizados a falar/fazer assim. 

Na escola onde eu estudei, aprendi direitinho que o discurso é uma arma, um poder para construir realidades. Aprendi nesta escola, que o mundo é o que gente diz que ele é. E eu ñ posso permitir, e se não puder evitar, eu não posso aceitar, esse mundo dito pelo Bolsonaro. Minha palavra de ordem agora é RESISTIR. E resistir agora, é votar 13.

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Da série: #oconjuntoqueapavora


E, sobre algo que li hoje, “Se você não está com medo, você não entendeu.”

1. Rio de Janeiro. Marielle Franco: mulher, negra, vereadora, relatora da Intervenção no RJ. Executada com 4 tiro na quarta-feira, dia 14 de março de 2018. https://oglobo.globo.com/…/vereadora-marielle-franco-assass…

2. Brasília. Mikael Tavares de Medeiros: jovem de 19 anos, ensino médio concluído (com recuperação), experiência como vendedor de óculos, nomeado pelo Ministério do Trabalho para coordenar a área de recursos logísticos, o que inclui a responsabilidade de controlar contratos milionários. Caso revelado no dia 09 de março de 2018. https://g1.globo.com/…/jovem-de-19-anos-administra-contrato…

3. São Paulo. Servidores públicos, na maioria, professores municipais, protestam em frente a Câmara de Vereadores contra o projeto de reforma da previdência municipal. O tumulto começou quando os manifestantes foram proibidos de entrar na Casa e uma bomba foi lançada de dentro da Câmara em direção dos manifestantes. 14 de março de 2018. http://sao-paulo.estadao.com.br/…/geral,protesto-de-profess…

4. Passo Fundo. Câmara de Vereadores aprova lei que barra a operação do Uber na cidade e colide com o Marco Civil da Internet. 9 de março de 2018. http://www.onacional.com.br/…/lei+municipal+barra+a+operaca…

5. Passo Fundo. Durante uma desocupação de famílias Kaigans de uma área do DNIT, policiais militares atiram 10 balas de borracha na perna de um dos líderes da comunidade, Querino Carvalho. 17 de fevereiro de 2018. https://www.cimi.org.br/…/policia-militar-agride-e-tortura…/

Mau exemplo... (diálogos IX)


com Lúcia Guimarães, sobre o diploma de jornalista

Aos que concordam com o texto de Lúcia peço desculpa pela insistência, mas sou obrigada a me opor, total e integralmente, a ele (a redundância é proposital).

Repeti inúmeras vezes em sala de aula, e sigo lembrando cada vez que o assunto vem à baila, que não sou a favor da obrigatoriedade do diploma, mas sim da obrigatoriedade do processo de formação.

Hoje, do modo como a legislação foi aprovada, qualquer um, qualquer um mesmo, pode ser jornalista. Tendo ou não o primeiro grau completo, sabendo ou não escrever, basta que a empresa lhe ateste a habilidade e temos mais um registro expedido por aí. Sim, e tenho visto isso acontecer inúmeras vezes, em especial para pessoas que sequer deveriam chegar perto da redação de um jornal, emissora de rádio ou televisão, pois legislam em causa própria.

Ao ler o trecho “Jornalista deve estudar, acima de tudo, português e se educar em história, literatura, economia, ciência, filosofia e ciência política”, me pergunto: onde será que todo este conteúdo, toda essa bagagem referencial, será construído e/ou ampliado se eliminarmos a graduação? Uma péssima experiência em determinada escola de comunicação não pode servir de exemplo para a eliminação imediata de todo um processo de construção da consciência do lugar social de uma profissão e dos seus profissionais. Existem péssimas escolas de medicina, de direito, de pedagogia, e nem por isso sugerimos que elas sejam eliminadas, ou a obrigatoriedade do diploma seja questionada para o exercício de determinadas funções.

Além disso, o jornalismo não é apenas uma área de trabalho atravessada por outras disciplinas (que devemos, portanto, minimamente conhecer), mas o trabalho de construção/reprodução de um discurso constituído pela conjunção dos campos simbólicos da experiência cotidiana. Nossa matéria-prima é a linguagem, e o modo como a utilizamos pode reforçar ou transformar o mundo que nos cerca. Por isso, toda vez que a sociedade muda, muda a linguagem que ela utiliza, ou vice-versa. Onde vamos adquirir essa consciência e qual é o processo que vai nos colocar a par de nossa responsabilidade?

Eu nunca acreditei que a faculdade nos preparasse para o mercado. Minha crença se estabeleceu no potencial que um grupo de sujeitos, concentrados especificamente nisso e dedicados a acordar debates sobre o assunto, têm de apontar direções (múltiplas), inquietar aprendizes, reconstruir. Para mim a graduação em jornalismo é isso; uma coisa que as redações e a corrida contra o relógio, não permitem. Já presenciei muito jornalistas serem engolidos pela factualidade do mundo. Já vi muita gente que foi para o “mercado” e nunca mais pode estudar literatura, economia, ciência, filosofia, política, ficando, consequentemente, preso a uma percepção generalizada e pontual da história.

Além disso, suspeito muito de alguém que pergunta o que perguntou Lúcia Guimarães em seu texto:  O que tem a democracia a ver com a profissionalização do jornalista? Bem se vê que ela não levou a faculdade a sério, se tivesse saberia que junto com a profissionalização, vem uma técnica do bem escrever, a sabedoria do que respeitar, as discussões éticas próprias desse fazer. Também saberia ela a diferença entre um jornalista e “qualquer um munido de smart phone”. Trata-se da diferença dos objetivos: suas preocupações, suas demandas podem ser completamente diferentes. “Qualquer um” pode publicar qualquer coisa, seu único compromisso é consigo próprio. Já o jornalista não pode, ele tem que publicar aquilo que diz respeito e é relevante para vida em sociedade, para a preservação da igualdade e da justiça social, embora, devo admitir, muitos jornalistas diplomados esqueçam isto. Assim como alguns advogados e outros tantos médicos também ignoram os juramentos que fizeram. Mas, como no caso das escolas, maus profissionais não justificam a fim da profissionalização.

É um debate aberto, não sou contra os bons argumentos e já ouvi muitos sobre esta questão, inclusive contrários aos meus. Respeito-os. Mas não venha querer justificar decisões políticas (não políticas partidárias, mas daquelas que dizem respeito a ordem das coisas no mundo) com maus exemplos. Eliminar a obrigatoriedade do processo de formação para jornalista é o mesmo que proibir os professores das escolas públicas de reprovar alunos.

“Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo” (Michel Foucault).

em apuros

Passo Fundo, 02 de fevereiro de 2012.


Uma amiga em apuros sem querer, uma lei maluca aprovada, a sujeira na beira da praia em Cidreira/RS, a história que minha mãe contou sobre uma prima, enfim... coisas que vi e ouvi nesta última semana me fizeram acreditar que o mundo está mesmo de cabeça para baixo (pelo menos de onde posso vê-lo).

Claro, acredito que a transição de um conjunto de valores para outro integre a dinâmica da história. Que de tempos em tempos precisamos rever posturas diante das novas configurações que o contexto cotidiano assume (e as assume não por conta própria evidentemente). Que cedo ou tarde surgem novas religiões, as pessoas assumem novos papéis e o mundo precisa de outros cuidados. Mas tem de ser tão rápido? E, sobretudo: tão radical?

Uma noite destas me surpreendi debatendo com um amigo a questão da radicalidade de algumas medidas/idéias. Ele dizia, e talvez eu não possa lhe tirar de todo a razão, que chega um momento em que o caos é tanto que são necessárias medidas radicais para que pelo menos as pessoas prestem atenção no tema em pauta, passem a refletir sobre ele. E eu acrescentaria a esse argumento ainda outra questão: para que, pelos menos, se as pessoas não entendem a relevância ou gravidade de determinados comportamentos, obedeçam o que está estabelecido na lei, pois ela existe, suponho, para garantir a integridade humana, a justiça e o bem social.

sempre tem gente que tenta, pena que não é todo mundo!
Por outro lado, alguma coisa em mim se inquieta diante dessas justificativas. Não me parecem satisfatórias. Certa vez o professor Gerson Trombetta num dos debates do Circuito de Cinema, Cultura e Psicanálise, falando sobre uma das “faces do mal” (tema do encontro), ponderou que a racionalidade e a irracionalidade podem ser duas faces da mesma moeda. Ao construir sua fala ele disse que “há irracionalidade na tolerância exagerada”, algo sobre o que eu ainda não havia pensando. No dia seguinte comentando no twitter sobre o assunto, ele arrebatou meus pensamento dizendo: “Mais dramático ainda é pensar que há racionalidade (da boa) na intolerância!!!"

Nunca esqueci esta metonímea. Me parece que tudo que é radical implica na ignorância do contexto, porque tende a simplificação, em extremos paradoxais e isolados, do cenário complexo e integrado que é a realidade e a condição humana. Precisamos de sensatez para avaliar cada situação e não acredito que leis e medidas que a ignorem possam frutificar, sob a pena da cegueira. 

Já leu Saramago?

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blábláblá é o que eles falam... eles quem?

Li agora há tarde, no Observatório, o texto “Um ato de guerra, segundo o Pentágono”. O artigo foi publicizado originalmente no Wall Street Journal e traduzido para o monitor da imprensa brasileira por Jô Amado.

Embora o que me levou a lê-lo tenha sido a ocorrência da palavra cibercombate, ao terminar a leitura, seu conteúdo não pareceu versar sobre o potencial da tecnologia, mas sobre Política. Não sobre a política partidária, mas sobre a política das relações que movem o mundo. Melhor ainda seria dizer, não sobre a política, mas sobre o poder. No entanto, como invariavelmente vejo poder transmutando-se em política e política transmutando-se em poder, é um texto que versa sobre os dois.

Penso que o que está em questão no relato produzido por Siobhan Gorman e Julian E. Barnes, não é a necessidade de determinar quem invadiu o computador de quem, nem a necessidade de provar que esta invasão teria sido uma ação de determinado país, ao invés de uma organização, ou de um ato isolado de certo sujeito. Também não me parece que se trate do tamanho do estrago que a ação possa ter causado para validar o ato com Ato de Guerra, ou mesmo a construção de uma prerrogativa que equipare o ataque militar desterrotializado/virtual ao ataque militar armado, o que constituiriam a máxima “violência física versus violência simbólica”.

O que me parece estar no comunicado feito pelo Departamento de Defesa norte-americano, é justamente a revelação (ou seria melhor dizer, a manutenção) de quem PODE chegar a esta conclusão; quem PODE transformar uma expressão política: “Ato de guerra” (e, portanto, aparentemente sem força de lei), numa expressão legal. Mais uma vez o Doxa marca seu lugar, combatendo não o cibercombate, mas os discursos de resistência que pipocaram pelo mundo. Até porque, o que poderiam dizer as outras nações? Feito uma espiral do silêncio emudecem. Se alguém dentro do Pentágono determinar que esta ou aquela invasão É militar e que sua adoção incita a guerra, o que poderá detê-los? Não lembro de nos terem perguntado ou acatado quaisquer das nossas decisões. E digo aqui nós (os outros países) como um rótulo, <>, mas também me pergunto: somos tão diferentes assim? Já que não me recordo de nenhum momento da história do mundo em que os discursos encráticos não tenham sido calados ou convertidos.

Mais uma vez assistimos o capital simbólico da tecnologia associar-se como metonímea ao do campo da POLÍTICA, política internacional, revelando o PODER, o poder do discurso de uma cultura sobre as outras. 

Perguntas armadas

Ontem à noite li a matéria de capa da Zero Hora. Geralmente leio o jornal à noite, no reduto do meu sofá, mesmo que eu ouça, freqüentemente, que há esta hora, as notícias já estejam velhas. É um hábito.

Li, e à cada duas linhas não pude calar a pergunta (porque somos pessoas perguntadoras): como o debate foi chegar a isso? Depois das últimas ocorrências no Realengo/Rio, a culpa da violência desenfreada que nos assoma é das armas e não das pessoas, ou das políticas?

Ok. Então, vamos meter mais um referendozinho ou um plebiscito, quem sabe, para resolver a questão. Mas já não fizemos algo parecido alguns anos atrás? Por que, em tão pouco tempo, voltar a consultar a população sobre o mesmo assunto, havendo tantos outros para por em discussão. Alguém quer aproveitar um momento de choque da população para provocá-la a responder ao contrário do que já havia sido decidido? Ou alguém quer esconder sua responsabilidade gastando tempo e dinheiro para revogar uma norma recentemente aprovada.

Toda esta mobilização, que se traduz ao observarmos as capas dos jornais, a escalada na tv, e o tempo gasto pelos parlamentares e pelas ONGs se debatendo em suposições, me acorda para um sentido outro que o tema (armas), agora constituído em narrativa, oferece. Como se a problematização em torno delas sintetizasse toda a explicação da tragédia social recentemente vivida; à moda de um Deus Ex-Machine (para citar o prof. Roberto) que surge absoluto, com o objetivo de proporcionar conforto e redenção aos sujeitos apavorados diante dos fatos. Sua enunciação aparentemente anula a distância estabelecida entre eles e a compreensão racional e imediata da realidade representada; lastro esse que estava garantido até aqui pela imanência característica do discurso adotado. Como se o porte de armas concedido a população civil guardasse em si toda a obviedade que não conseguimos significar antes dele, como se nos proporcionasse a confortante explicação para a aparente “loucura” do homem e para a morte das crianças.

Mas, ao contrário, penso que reclamar, agora, por novas votações, rouba a complexidade dos fatos que a antecedem - esvazia-os, empresta-lhe um postulado -, ao mesmo tempo em que nos descompromete de qualquer intervenção. Suponho que ao ler a reportagem especial de ZH, no sofá de casa, a meia luz, tomando uma xícara de chocolate quente num dia de chuva, poderia alimentar uma impressão ainda maior de conforto do que a situação em si já representa. O debate em torno das armas é como uma esponja mágica que limpa todo o sangue e a dor expostos nos dias anteriores e me oferece um noticiário “limpinho”, “for, for way”. Poderia, senão fosse a nossa habilidade, às vezes pouco valorizada ou desenvolvida, de interpretação, que inquieta. Principalmente quanto à poucas páginas dali, leio um texto sobre determinada lei uruguaia, que dava anistia a criminosos do período ditatorial no país. Mesmo depois de duas consultas populares que a apoiavam, e diante de um governo legitimamente escolhido pelo povo, foi revogada... por esse próprio governo.

Credo! Falando assim até me sinto adepta de algum partido ultraconservador ou mafioso que apóia o porte de armas e a redenção de criminosos.

Mas a questão de fundo não me parece ser esta, e sim o questionamento do que é a democracia, de qual o nosso poder de transformação da realidade social, das lentes que escolhemos ou que nos emprestam para ver o mundo, daquilo que nos cega; mais do que isso, das desculpas (as armas, a caça as bruxas) que procuramos - ou nos são oferecidas - para todas as culpas que carregamos (sociais, políticas); dos pesos que queremos aliviar, das perguntas erradas que fazemos, e das perguntas que não queremos fazer.

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A COISA É PÚBLICA: DIGA NÃO!



Sexta-feira, feriado. Tarde, chuva. Na frente do computador, tentando atualizar meu repertório de notícias (coisa quase impossível, pois a dinâmica do jornalismo é feroz) me pego pensando no caso TVE.

Será que é mania do povo brasileiro – e que fique bem claro, estou falando dos políticos e dos não políticos – ou é um erro de conceito – mal elaborado e mal difundido? O fato é que aqui, no Brasil, todo mundo confunde escandalosamente o público com o estatal. Por causa dessas e de outras (que nem valem comentários) o NOSSO canal de TV está sujeito a uma “tal” de privatização.

Diante dos textos que encontrei sobre o assunto (blogs, site do FNDC, governo do estado, observatório da imprensa) só me resta concluir que talvez a governadora tenha esquecido, mas antes de ser um negócio, o acesso a informação é um direito civil, comum às sociedade democráticas. Portanto, todos os processos de gestão dos espaços midiáticos através dos quais a informação é distribuída, dizem respeito diretamente aos interesses dos sujeitos imbricados nessas sociedades.

Ainda tem mais: é dever do Estado (federal ou regional) garantir a qualidade do conteúdo veiculado pelos meios de comunicação, e nele, garantir lugar para pluralidade de vozes representativas das diferentes culturas presentes no seu território. Trata-se da administração e da concessão de canais de rádio e televisão, que tem de atender as nossas expectativas e as diretrizes de uma comunicação de qualidade e responsabilidade social.

Nesse sentido, Otondo (1), lembra que se no Brasil não existe, juridicamente, a figura da televisão pública, ela é substituída por outra: a educativa e cultural, como é o caso da TVE, ligada a Fundação Piratini.

Esta Fundação (que envolve também a rádio FM Cultura) é uma instituição PÚBLICA de direto privado, cuja concessão de televisão foi outorgada, em 21 de julho de 1968, pelo Governo Federal, para ser utilizada com FINS EDUCATIVOS. Hoje, 39 anos depois, essas emissoras de rádio e TV estão sucateadas, carentes de recursos humanos, materiais, e a mercê de um processo de privatização, uma vez que o governo estadual registrou a intenção de transformar a Fundação Piratini em uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), descaracterizando-a como uma TV/rádio pública. A Lei 9.790/1999 – também chamada de “a nova lei do terceiro setor”, que criou as OSCIPs, expõem claramente esse caráter, pois permite a parceria entre uma empresa privada com órgãos do Estado ou uma fundação pública, e passa para ela a gestão dos interesses dos canais.

Ou seja, a TVE que hoje está nas mãos do governo estadual – como concessões outorgadas a todos os outros governos estaduais Brasil à fora, não para veicular informações do seu interesse, mas de interesse educativo cultural, leia-se público – corre o risco de parar nas mãos de uma empresa privada, leia-se lucrativa, e virar um veículo de interesses comerciais. Queremos isso?

Os funcionários da TVE, buscando alternativas para evitar esse processo de desapropriação pública, criaram um abaixo-assinado que será entregue a Assembléia Legislativa. Clique AQUI se você quiser participar e assinar a petição também:


(1) OTONDO, Teresa Montero. TV Cultura: a diferença que importa. In: RINCÓN, Omar (Org.). Televisão pública: Do consumidor ao cidadão. São Paulo: [s.ed.], 2002.

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EXTRA! EXTRA!


No dia 05 de outubro vencem concessões de televisão em todo o Brasil, entre elas emissoras próprias e afiliadas da Rede Globo, Bandeirantes, Record e SBT.

Link do Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações.
P.S.: Obrigada menino Dóro, pela preciosa infomação!

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    "ao reescrever o que dissemos, protegemo-nos, vigiamo-nos, riscamos as nossas parvoíces, as nossas suficiências (ou insuficiências), as hesitações, as ignorâncias, as complacências; [...] a palavra é perigosa porque é imediata e não volta atrás; já a scriptação tem tempo à sua frente, tem esse tempo próprio que é necessário para a língua dar sete voltas na boca; ao escrever o que dissemos perdemos (ou guardamos) tudo o que separa a histeria da paranóia" (BARTHES, 1981, p.10).

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quem é a garota da vitrine?

Minha foto
Sou formada em Radialismo e Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e desde 2004 atuo como professora dos cursos de Comunicação Social na mesma instituição. Ainda na UPF, fiz especialização em Leitura e Animação Cultural, e recentemente concluí o doutorado pela PUCRS. Sempre trabalhei com o universo radiofônico, pelo qual sou apaixonada. Gosto particularmente das suas aproximações com a arte. Minhas últimas descobertas de pesquisa rondam em torno da produção de sentido (em nível verbal e não-verbal) sob a perspectiva semiológica.

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pelo caminho...

pelo caminho...
lendo... só lendo e imaginando uma história da nossa suposta história...

O museu é virar a gente de ponta cabeça. Tem versão digital ao clicar na imagem.

da era do pós-humano.

de Brenda Rickman Vantrease, sobre os poderes que se interdizem desde o início dos tempos.

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o que são scriptografias e outras escrivinhações?

O título deste blog foi inspirado nas observações feitas por Roland Barthes a cerca do processo de produção e significação dos textos que circulam pela prática social. Ele fala em scriptação, escrita, escritor e escrevente. No entanto, o nome scriptografias e outras escrivinhações, não passa de uma "licença" poética, por assim dizer, com o objetivo de nominar um espaço de livre expressão, em formatos e temas que fazem parte do meu cotidiano, assim como do cotidiano de quem por aqui passar.
    hola !



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