Mostrando postagens com marcador diálogos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador diálogos. Mostrar todas as postagens

Diálogo XII - com os professores

Há cerca de duas semanas, fui com meu filho de 04 anos numa roda de samba, organizada pelo Grupo Ritornelo de Teatro. Lá, para minha surpresa, encontrei a professora Djanira. Surpresa, porque ela foi minha professora na 6ª, 7ª e 8ª série, há quase 30 anos, e a vi poucas vezes depois disso. Mas ela estava lá, com toda a sua força e sua negritude, e nos presenteou com sua voz. 

Para mim foi uma oportunidade única, bem a tempo. Quando a vi, tive de me aproximar e dizer, rapidamente: "- oi professora, que bom lhe ver, fui sua aluna no IE". Ela me olhou, sorriu e disse: - eu lembro.

Não sei exatamente, se ela lembrou mesmo ou não, mas não importa. Djanira foi professora de muita gente, e toda essa gente teve a oportunidade de aprender com ela, aprender uma paixão pela vida, a força da natureza de quem somos, aprender a olhar para dentro, enxergar o nosso potencial.

Para uma menina bugra do interior, filha de professores, em escola particular, muito estudiosa e acuada diante do abismo da diferença social, financeira e cultural que havia entre ela e os colegas, diante do bullying naturalizado, só a presença e o brilho dessa professora já era suficiente. Mas Djanira foi além: ela me incentivou a entrar para o coro da escola, a fazer teatro, me preparou para provas de poesia e oratória da Olimpíada Metodista, e esteve presente para conversas permanentes. Fica sempre numa sala ótima, no miolo do "rendondão".

Foi o teatro que me ajudou a pagar a minha faculdade, anos depois. Hoje sou Diretora de uma Faculdade de Artes e Comunicação. Tenho a plena consciência do papel indelével dos professores na minha formação: da professora Leocí, da primeira série; da amada professora da minha terceira série, uma senhora de óculos baixos e voz amorosa; da professora Leonir, diretora da minha escola primária, São João, que me recebia compreensivamente em sua sala, inúmeras vezes; da professora Tania Maria Von Meusel (Escola de Ensino Fundamental St. Patrick), minha professora no Magistério, que fez meus olhos brilharem falando de aprendizagem; das professoras Cilene Maria Potrich e Tania Mariza Kuchenbecker Rosing, que nunca me deram aula em sala de aula, mas me ensinaram muito, de formas que eu nem consigo mensurar (sem dúvida, mulheres a frente do seu tempo); do professor César Augusto Azevedo dos Santos, meu Amado Mestre, que guiou meus passos na pesquisa e na docência, que mostrou que aprendemos juntos; do professor Benami Bacaltchuk, que sempre confrontou carinhosamente, mas incansavelmente, as minhas certezas, porque é fazendo perguntas que movemos o mundo (e ele sabe disso); e de muitos professores nessa trajetória, que não mencionei aqui. Sobretudo, dos meus pais, Dolores Barbosa de Paula e Vlademir Alexandre Menegaz, que além de serem meus pais e a força da minha existência, são de profissão, professores, professores que fizeram a diferença na vida de muita, mas muita gente, professores de quem tenho o mais profundo orgulho.

Além da história particular que tenho com a professora Djanira, naquela noite de samba, e hoje, escrevendo este texto, ela também foi/é, para mim, um portal. Um portal através do qual enxergo, mais uma vez, todos esses professores, e, mais do que isso, enxergo e tangibilizo o inextinguível papel dos professores na vida das pessoas, como faróis numa noite escura, em meio ao desconhecido, que é como todo futuro (e as vezes o próprio presente) pode parecer.

Djanira foi uma professora que fez a diferença na minha vida, assim como provavelmente fez a diferença na vida de muitas, muitas outras pessoas, na sala de aula ou fora dela. Agora ela se foi. Mas sua partida não deixa um vazio, deixa um legado. Obrigada, professora.


Uma carta para Pedro (diálogo XI)

Filho, te escrevo hoje porque, talvez, daqui há alguns anos, quando puderes compreender, terei perdido as palavras para falar do agora. Te escrevo hoje, porque hoje é o teu aniversário, e só o hoje tem esse sabor de presente, um sabor que quero suspender no tempo, um sabor que quero saber e compartilhar contigo para todo o sempre. Te escrevo para prender na escritura o calor que amor(na) minha vida desde que chegaste. Um calor de cobertor leve em dia de chuva, um calor de corpo que aquece, um calor de aconchego, um calor de amor que está sempre por perto, correndo pela casa. Um calor de verão ensolarado, para brincar na beira do rio ou do mar, para rolar na grama das praças, para comer fruta gelada. Por isso, teus sorrisos fazem dos meus dias brisa, e tuas febres, dos meus dias angústia. Mudaste não apenas o centro de gravidade do meu corpo, mas se converteste em centro, um centro em torno do qual orbito, fascinada.

Te observo, por exemplo, repetidas vezes, acordar de manhã e sair pelo apartamento procurando o gato só para perguntar-lhe: "tudo bem Iggy, você está bem?", mesmo sabendo que o bicho não vai lhe oferecer uma resposta convencional, e te amo todas as vezes por isso. Te amo quando, como por encantamento, conecta-se com algum desconhecido na rua ou numa história, para sentir: "mamãe, a moça está triste", ou quando conclui que está se divertindo com algo: "que legal! uau". Te amo quando, entre uma brincadeira e outra, sempre volta para os instrumentos musicais. Não importa se são de metal, madeira, plástico, isopor ou lata. Não importa se produzem um som real ou de faz de conta. O importante é toca-los. Te amo quando o capricho da vida nos permite passar muito tempo juntos, e então ganho muitos abraços espontâneos e sorrisos de amor. Aliás, amo o teu riso fácil, e as espiadas com o canto do olho. Amo quando te disfarças de gente crescida para apoiar a mão no queixo, ou os braços na cintura e fazer caras e bocas. Amo quando tira do bolso expressões ou frases surpreendentes e engraçadas, sempre na hora certa: "ups", "que chato", "boa ideia", "você é uma gatona mamãe" (hehehe). Te amo ao perceber que te perdes por alguns minutos no mundo da imaginação e brincas contigo mesmo, ou quando transforma um degrau na soleira de uma porta em sofá e o reflexo da lataria de um carro em televisão, esticando o braço e dizendo: "pip, pronto, liguei a TV mamãe". Qualquer lugar é lugar, tudo é novidade, tudo ainda pode ser brincadeira. "Porque vc parou Pedro?", "para olhar se vem carro, mãe". Amei o dia em que você, sei lá por qual razão, trocou o "mamãe" pelo "mãe". Não vou esquecer: era domingo, 28 de maio. Amo a tua generosidade, que gosta de cavalos, como o vovô Menegaz, de trens, como o vovô Darci, de skate, como o papai, de livros, como a mamãe, ou de plantas como a vovó Dodoi. Uma generosidade que te permite compartilhar, especialmente, e com cada um, aquilo que lhe desperta amor.

E te tanto te amar, meu menino, meus desejos para ti transbordam. Desejo que conserve uma medida saudável desse sorriso ingênuo e alegre que carrega nos olhos, e outra medida equilibrada desse moleque arteiro e persistente. Desejo que o bom senso te acompanhe, assim como a integridade e a ética. Desejo que saiba ver e ouvir o outro, reconhecer e, sobretudo, celebrar a diferença. Que esteja ao lado da liberdade, de escolha e de voz, assim como da igualdade, daquilo que nos une como humanos. Desejo que aprenda a respeitar o meio ambiente e valorizar a natureza como lugar e abrigo de todos os seres vivos. Desejo que cultive a leitura como prática cotidiana, que conheça a História (a tua, a dos outros e a do mundo) e que defenda as Artes e a diversidade cultural. Desejo que conheça pessoas e as perceba em sua complexidade, e que teu coração possa vibrar em cada um desses encontros. Desejo que tua imaginação frutifique, ao mesmo tempo em que tuas raizes se fortaleçam no mundo vivido: coisas lindas e transformadoras podem vir desse cruzamento! Desejo tudo isso hoje e desejo tudo isso sempre! Feliz aniversário meu amor.

Texto publicado originalmente em junho de 2017.

Diálogos X



Acredito que nossas bravatas, nossas crenças e, consequentemente, quem somos é uma coleção de sentidos construídos e compartilhados ao longo da trajetória que percorrermos.  Por isso, só posso falar do Mundo da Leitura com afeto. Nossa história (a minha, a do Centro e a do grupo com quem trabalhei) é feita de atravessamentos, de trocas, de sentidos comungados. 

Lembro, com a nostalgia guardada para todas as boas experiências, de fazer parte de uma pequena equipe de pessoas, generosas e comprometidas, guiadas por uma mulher à frente de seu tempo, cuja fé na arte, na educação e, sobretudo na leitura, nos mobilizava. Não apenas na leitura do texto literário, mas dos múltiplos documentos, em diferentes linguagens, que circulam pelo cenário social. Um mulher obstinada pela leitura do mundo, que em última análise pode transformá-lo. 

Como disse, certa vez, Bartolomeu Campos Queirós: 

“Quem sabe assim ler, eu pensava, não carrega medo em suas andanças. Quem decifra o livro da natureza ganha de todos em coragem. E o menino, por assim bem ler, tinha a escrita na ponta dos dedos: pescava, remava, tecia, colhia, plantava e amava”. 

Tenho orgulho de ter feito parte deste projeto e me encho de felicidade ao saber que ele já está fazendo 15 anos!

Mau exemplo... (diálogos IX)


com Lúcia Guimarães, sobre o diploma de jornalista

Aos que concordam com o texto de Lúcia peço desculpa pela insistência, mas sou obrigada a me opor, total e integralmente, a ele (a redundância é proposital).

Repeti inúmeras vezes em sala de aula, e sigo lembrando cada vez que o assunto vem à baila, que não sou a favor da obrigatoriedade do diploma, mas sim da obrigatoriedade do processo de formação.

Hoje, do modo como a legislação foi aprovada, qualquer um, qualquer um mesmo, pode ser jornalista. Tendo ou não o primeiro grau completo, sabendo ou não escrever, basta que a empresa lhe ateste a habilidade e temos mais um registro expedido por aí. Sim, e tenho visto isso acontecer inúmeras vezes, em especial para pessoas que sequer deveriam chegar perto da redação de um jornal, emissora de rádio ou televisão, pois legislam em causa própria.

Ao ler o trecho “Jornalista deve estudar, acima de tudo, português e se educar em história, literatura, economia, ciência, filosofia e ciência política”, me pergunto: onde será que todo este conteúdo, toda essa bagagem referencial, será construído e/ou ampliado se eliminarmos a graduação? Uma péssima experiência em determinada escola de comunicação não pode servir de exemplo para a eliminação imediata de todo um processo de construção da consciência do lugar social de uma profissão e dos seus profissionais. Existem péssimas escolas de medicina, de direito, de pedagogia, e nem por isso sugerimos que elas sejam eliminadas, ou a obrigatoriedade do diploma seja questionada para o exercício de determinadas funções.

Além disso, o jornalismo não é apenas uma área de trabalho atravessada por outras disciplinas (que devemos, portanto, minimamente conhecer), mas o trabalho de construção/reprodução de um discurso constituído pela conjunção dos campos simbólicos da experiência cotidiana. Nossa matéria-prima é a linguagem, e o modo como a utilizamos pode reforçar ou transformar o mundo que nos cerca. Por isso, toda vez que a sociedade muda, muda a linguagem que ela utiliza, ou vice-versa. Onde vamos adquirir essa consciência e qual é o processo que vai nos colocar a par de nossa responsabilidade?

Eu nunca acreditei que a faculdade nos preparasse para o mercado. Minha crença se estabeleceu no potencial que um grupo de sujeitos, concentrados especificamente nisso e dedicados a acordar debates sobre o assunto, têm de apontar direções (múltiplas), inquietar aprendizes, reconstruir. Para mim a graduação em jornalismo é isso; uma coisa que as redações e a corrida contra o relógio, não permitem. Já presenciei muito jornalistas serem engolidos pela factualidade do mundo. Já vi muita gente que foi para o “mercado” e nunca mais pode estudar literatura, economia, ciência, filosofia, política, ficando, consequentemente, preso a uma percepção generalizada e pontual da história.

Além disso, suspeito muito de alguém que pergunta o que perguntou Lúcia Guimarães em seu texto:  O que tem a democracia a ver com a profissionalização do jornalista? Bem se vê que ela não levou a faculdade a sério, se tivesse saberia que junto com a profissionalização, vem uma técnica do bem escrever, a sabedoria do que respeitar, as discussões éticas próprias desse fazer. Também saberia ela a diferença entre um jornalista e “qualquer um munido de smart phone”. Trata-se da diferença dos objetivos: suas preocupações, suas demandas podem ser completamente diferentes. “Qualquer um” pode publicar qualquer coisa, seu único compromisso é consigo próprio. Já o jornalista não pode, ele tem que publicar aquilo que diz respeito e é relevante para vida em sociedade, para a preservação da igualdade e da justiça social, embora, devo admitir, muitos jornalistas diplomados esqueçam isto. Assim como alguns advogados e outros tantos médicos também ignoram os juramentos que fizeram. Mas, como no caso das escolas, maus profissionais não justificam a fim da profissionalização.

É um debate aberto, não sou contra os bons argumentos e já ouvi muitos sobre esta questão, inclusive contrários aos meus. Respeito-os. Mas não venha querer justificar decisões políticas (não políticas partidárias, mas daquelas que dizem respeito a ordem das coisas no mundo) com maus exemplos. Eliminar a obrigatoriedade do processo de formação para jornalista é o mesmo que proibir os professores das escolas públicas de reprovar alunos.

“Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo” (Michel Foucault).

diálogos VIII

Passo Fundo, 04 de outubro de 2011.
com Saramago, sobre a memória:

"Certos momentos há da vida que deveriam ficar fixados, protegidos do tempo, não apenas consignados, por exemplo, neste evangelho, ou em pintura, ou moderadamente em foto, cine e vídeo, o que interessava mesmo é que o próprio que os viveu ou tinha feito viver pudesse permanecer para todo o sempre à vista dos seus vindouros, como seria neste dia de hoje, irmos daqui até Jerusalém para vermos, com os nossos olhos visto, este rapazinho, Jesus filho de José, enroladinho na curta manta de pobre, a olhar as casa de Jerusalém e a dar graças ao Senhor por não ter sido ainda desta vez que perdeu a alma. Estando a sua vida no princípio, que são treze anos, é de prever que o futuro lhe haja reservado horas mais alegres ou tristes que esta, mais felizes ou desgraçadas, mais amenas ou trágicas, mas este é o instante que escolheríamos para nós, a cidade adormecida, o sol parado, a luz intangível, um rapazinho a olhar as casas, enrolado numa manta e com um alforge aos pés, e o mundo todo, o de perto e o de longe, suspenso, à espera. Não é possível, ele próprio já se moveu, o instante veio e passou, o tempo leva-nos até onde uma memória se inventa [...]"

Trecho de O evangelho segundo Jesus Cristo.

Sem pontos. Cem. E Saramago (re) escripta o imaginário coletivo. 


Atravessados pelas metáforas do tempo corrido, na narrativa do escritor, é essa a porção compartilhada da nossa memória que viramos do avesso por meio da leitura; o que diante da trama equivale dizer, seu lado direito.

Sim, porque, por mais espantoso que pareça, podemos tomá-la de qualquer lado: ao se realizar através do texto (este ou qualquer outro) a memória, e em particular, esta memória, aparentemente encarcerada pela repetição do discurso religioso ocidental, e desperta no livro, é revirada. Tal percepção ancora-se em duas evidências essenciais: 1) o tecido textual não tem um fim, nem fim nem preciosidade guardada pelo invólucro das camadas do produto de uma narrativa total. Diferente da Crítica, como era praticada tradicionalmente, obstinada em encontrar o sentido oculto por trás do texto, ele não existe, não há uma verdade a ser investigada. Seus significados, assim como da antiga preza que o autor (re)encara, são construídos a partir de seu próprio desenrolar, como um novelo de lã que não guarda nada dentro da maçaroca de fios para lhe dar consistência, mas são os próprios fios enrolados uns aos outros que formam o novelo. 2) Saramago é um marginal: caminha nas beiradas da linguagem, subverte os sentidos arrasando a estrutura. Sua escrita nos toma pela estranheza e acaba estabelecendo uma relação dialógica entre o abalo do significado de certos códigos e a fabricação da memória.

Daí compreendermos a frase que, ao longo da leitura, nos atravessa: "cuide deste rebanho todos os dias como se fosse a coisa mais importante que vai fazer na vida". A oração está na boca do Pastor, ajuizada, a certa altura da história, ao adolescente Jesus. O resultado é que o menino, depois de um ano, já não se encoraja a matar um carneiro; nem deste nem de outro agrupamento; nem para comer, nem para os sacrifícios de "obrigação". O que aconteceu? Nada; nada mais do que o tempo; nada além do estorno provocado pelos encontros e desencontros da história, aquela rotina ausente das tragédias ou vitórias, os fatos não contados entre os grandes eventos da vida de alguém. 

Por isso Saramago anota, ao falar da necessidade de verossimilhança de uma novela, que, embora nos interessem os fatos essenciais, nunca supomos que os momentos decisivos do destino da personagem protagonista se sucedam um após os outros, sem intervalos de tempo e demais ocorrências pitorescas. Contar o que aconteceu entre um passo e o seguinte agrega ambiência de realidade a narrativa, de modo que, no fim das contas, é a sucessão de cada um desses eventos que nos leva a compreender qualquer coisa que seja. São todos eles, não apenas os que decidimos principais, a estrutura que sustenta os significados construídos ao ler o livro, e, por metonímia, os sentidos das lembranças que guardamos.

Assim, se, superado o susto da pontuação, temos a impressão de estarmos diante de mais um trecho da reza, logo nos vemos novamente arvorados no meio da leitura. Isso porque, ao mesmo tempo em que (re)conta os caminhos do menino Jesus, o autor vai tecendo um metatexto que revela a sua crença na pluralidade da interpretação de um texto e nos equívocos da memória, que sempre podem ser inventados (para o bem e para o mal).

O resultado dessa proposição é que, a cada página virada, revirados ficam os nossos sentidos. Afinal, trata-se da invencionice de uma memória, dos significados de um texto ou de toda a história de uma vida? E que vida? Intuo que a resposta seja: a nossa, não a do menino Jesus, pois o sujeito se realiza no texto e o texto na leitura do sujeito, feito jogo de mão. Ao (re)inventar o imaginário sobre preza tão antiga, o autor possibilita a reinvenção de nós mesmos.

diálogos VII

com minha MÃE, na Coluna do leitor da ZH de hoje 23/09/2011. Que orgulho ;-D!

 "Sem respaldo
Leio todos os dias sobre educação: que os professores devem se reciclar, que devemos melhorar a qualidade da educação, aumento dos dias letivos, etc. Gostaria de saber quando é que vão dizer para os alunos estudarem, quando vão dizer para os pais que os filhos são responsabilidade deles. A escola necessita de respaldo para poder ensinar."
Maria Dolores Barbosa de Paula
Professora - Passo Fundo

O resultado do comentário da minha mãe foi uma coluna do leitor inteirinha de debate sobre educação, hoje (24/09) na ZH. Viva Dona Dolores!!!

posted under | 0 Comments

os meus segundos na sexta do "azar é deles"...

Há dias atrás me supreendi com olhos voltados para os tempos idos, sentido uma certa nostalgia da experiência dos outros. Por natureza ou por cultura, queria ter sido parte no Maio de 68. Me pareceu que havia tanto a aprender por lá. Mas agora, debruçada sobre os trajetos que de fato percorri e observando os demais pares de pés parceiros que acompanham minha caminhada, penso que também fizemos nossa pequena revolução.
>
pronto minha fala registrada!

posted under | 9 Comments

Diálogos V

com meu amigo Pablo Jardineiro, por entender tão bem o espírito anárquico do Maio de 68, traduzindo-o em fato e em prosa, numa noite fria de junho, sob o som do rock, num lugar chamado Independência.

m
Obs.: Aos naufragos de outras paragens, perdão pelo subtexto, as vezes ilegível, para quem não convive com esta tribo de cá.
***
M
Boa noite ouvintes e ouvintas
M
Estamos aqui esta noite, por muita coisa, talvez por coisa nenhuma – e é por onde caminha a humanidade: por coisa nenhuma e todas as coisas – terminando numa grande desilusão farsesca das vidas de cada um de nós, nossos fantasmas, nossos eus, nossas fronteiras, nossas estruturas, nossas oceanos subjetivos.

M
Gostaria de fazer um anti-manifesto, anti-saudosista (porque assim eram muito mais lindos os meus tempos!).
M
.Quero deixar aqui, o pó das traças da velharia mórbida, parada, jogada no canto de um quarto, de um quarto.
M
Quero construir na cultura nossa de cada dia, um sentido a la 1968. Mas não sou 68, sou 2008. E sendo assim, não me contento com 68 segundos. Peço que as grades protocolares sejam moto-serradas e que me possibilitem a apropriação de 2 minutos e 8 segundos!.Que me deixem fazer o velho, em forma de novo. Porque o novo é o velho restaurado, reconfigurado, reformado, aliás, DESFORMADO!
M
Que me deixem não repetir, não reproduzir, não ser o que já foi. Que me deixem gritar e calar, que me deixem dar um coice nas fronteiras, que me deixem construir, destruir, que me deixem ir, vir. Que me deixem devir!
M
Que me deixem absolutamente livre. Que me escutem e me compreendam. E se não, não importa, o azar é deles!
M
E ao me deixar, que deixem a todos. Que deixem as gerações: as do leite, as do sexo, as do trabalho, as da bengala. Que deixem, aliás, essas categorias para trás, porque enfim somos todos fio do mesmo fim!
M
Nos misturamos e nos moldamos. Somos corpos em movimento e em diálogo! Somos construtores, produtores de cultura, sentido, significado, subjetividades!
M
E se assim passar do tempo. Que me deixem. Porque isso não é 68, nem mesmo é 2008. Afinal “o que foi não mais existe; existe exatamente tão pouco quanto aquilo que nunca foi. Mas tudo que existe, no próximo momento, já foi” (Arthur Schopenhauer).
M
hasta
Pablito em 13.06.2008.
SEXTA-FEIRA 13: O AZAR FOI DELES!

posted under | 2 Comments

III cadavre exquis*

O dia está lindo,
..................[quando nada é tudo]
está assim, ensolarado.
E a vida vai girando em torno de nós mesmos,
E o meu segredo continuará em mim:
..................são os laços invisíveis que haviam...

Se você quer fazer então faça, porque de tanto sono eu não entendo mais nada.
Afinal, uma batalha que se venceu é uma batalha
e na verdade nada é uma palavra esperando tradução.

Então, o que se pode dizer?
O sol luta contra a cortina
O copo caiu em Jicója de Jacaquara.
................[E agora? O que fazer?]

Eu estou sentido seus olhinhos de noite serena, uma noite que chegou rápido.
E tudo que me resta agora é o sono... não há quem negue o sentimento que se tem e se tudo isso acontece é porque nada é por acaso: faz a vida fazer sentido.


Então vivamos como um comercial de Coca-cola e conceitos baseado no Wikipédia.org.

Essa sim, é uma baita turma!
................................................
*Jogo surreal de escrita coletiva criado na década de 40, "brincado" pela turma 2008/01 do curso de Publicidade de Propaganda da UPF.

posted under | 6 Comments

dIáLoGoS IV

com o pessoalzinho (ãO) do EREP SUL 2008

Pés são fazedores de caminhos, nos levam. Precisaremos deles depois que (des) construirmos aqueles trajetos com as quais estamos acostumados, acomodados, e, sustentados pelo equilíbrio que lhe é peculiar, partiremos então em direção de um novo tempo possível, onde talvez aprendamos a olhar a passada do outro e respeitar o espaço da sua pegada.
>
eu em 19.11.2007

posted under | 2 Comments

II cadavre exquis!

...

Na parede estava escrito ENTÃO.
Então, os meus pés se vão...
...assim , de música em música
........................................[e sempre foi assim],
.
só porque ela estava de pulôver vermelho.

Os mamulengos (Eu, Pablo, Gisele, Julian e Nathália)

posted under | 4 Comments

cadavre exquis!


Eis o nosso “cadáver delicado”...
... na mesa do bar de costume, numa madrugada sulina:

Eu e meu consolo de que coisas são qualquer coisa, até um Velcro, uma frase.
Deveras não sei o que escrever e a culpa é minha,
por isso coloco em quem eu quiser.
Então, se você tem que ir, vá logo ou vai ter de ficar a noite inteira,
porque assim é a vida!
...
eu, Fabi Beltrami, Roberta Scheibe, Geraldo Borowski, Morto, Rodrigo Chaise e Serginho
...
O cadáver delicado ou cadavre exquis é um jogo criado pelo surrealista português Mário Cesariny (na década de 1940) a partir uma técnica de escrita e de pintura coletiva, cujo objetivo era surpreender o consciente. Nesse sentido ele propunha que a obra fosse construída através do trabalho em cadeia, onde cada autor dá continuidade, em tempo real, à criatividade do autor anterior, conhecendo apenas parte (ou nada) do que este fez.

Na prática, trata-se de um “Jogo de papel dobrado que consiste em fazer compor uma frase ou desenho por várias pessoas, sem que nenhuma delas possa aperceber-se da colaboração ou colaborações precedentes. O exemplo, tornado clássico, que deu nome ao jogo, está contido na primeira frase obtida deste modo: O cadáver-esquisito-beberá-o-vinho-novo.” (in Antologia do Cadáver Esquisito, organização de Mário Cesariny, Lisboa, Assírio & Alvim, 1989, p.95). Na época, muitos dos resultados desta escrita automática foram publicados na revista de André Berton, "La Révolution Surréaliste".
....
p.s.: há uma controvérsia quanto a tradução do termo exquis. As publicações mais recentes o traduzem como delicado e não esquisito.

posted under | 6 Comments

Diálogos III

Com meus orientandos, às vésperas de entregar o TCC!

"Para saber como conhecer melhor, é necessário conhecer melhor como nos organizamos para conhecer". CANCLINI, N. G. Diferentes, Desiguais e Desconectados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2007. p. 139.


P.S.: Por isso o blog anda abandonado: é o volume de trabalho...risos

posted under | 0 Comments

UM MEME!

"Não importa, sinto muito, aqui estamos diante da epifania do intolerável, não valem as velhas leis com suas circunstâncias atenuantes: você também será condenado ao garrote".


ECO, U. Cinco escritos morais. Rio de Janeiro: Record, 1998.

Passado pelo Reges:

1. Pegue um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2. Abra-o na página 161 (se não tiver página 161, pegue a mais próxima;
3. Procure a 5ª frase completa;
4. Poste essa frase em seu blog;
5. Não escolha a melhor frase nem o melhor livro;
6. Coloque sua frase nos comentários do blog (pra que todos vejam…)
7. Repasse para outros 5 blogs.

Em relação ao ponto 7: Verônica, Pablo, Robes, Alecs, e quem mais quiser.

posted under | 4 Comments

Diálogos II

Com minha orientanda, a Laura, que escolheu falar sobre o consumo de produtos piratas no seu trabalho de conclusão!

Tira encontrada no blog: Depósito do Calvin

posted under | 3 Comments

Diálogos I

Com os pensamentos e sobressaltos do meu amigo Pablo, o Jardineiro, na última postagem de Resenhas de Banheiro, dia 16/10/2007.

posted under | 1 Comments
Postagens mais antigas Página inicial
    ****

    "ao reescrever o que dissemos, protegemo-nos, vigiamo-nos, riscamos as nossas parvoíces, as nossas suficiências (ou insuficiências), as hesitações, as ignorâncias, as complacências; [...] a palavra é perigosa porque é imediata e não volta atrás; já a scriptação tem tempo à sua frente, tem esse tempo próprio que é necessário para a língua dar sete voltas na boca; ao escrever o que dissemos perdemos (ou guardamos) tudo o que separa a histeria da paranóia" (BARTHES, 1981, p.10).

    ****

quem é a garota da vitrine?

Minha foto
Sou formada em Radialismo e Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e desde 2004 atuo como professora dos cursos de Comunicação Social na mesma instituição. Ainda na UPF, fiz especialização em Leitura e Animação Cultural, e recentemente concluí o doutorado pela PUCRS. Sempre trabalhei com o universo radiofônico, pelo qual sou apaixonada. Gosto particularmente das suas aproximações com a arte. Minhas últimas descobertas de pesquisa rondam em torno da produção de sentido (em nível verbal e não-verbal) sob a perspectiva semiológica.

****

pelo caminho...

pelo caminho...
lendo... só lendo e imaginando uma história da nossa suposta história...

O museu é virar a gente de ponta cabeça. Tem versão digital ao clicar na imagem.

da era do pós-humano.

de Brenda Rickman Vantrease, sobre os poderes que se interdizem desde o início dos tempos.

****

o que são scriptografias e outras escrivinhações?

O título deste blog foi inspirado nas observações feitas por Roland Barthes a cerca do processo de produção e significação dos textos que circulam pela prática social. Ele fala em scriptação, escrita, escritor e escrevente. No entanto, o nome scriptografias e outras escrivinhações, não passa de uma "licença" poética, por assim dizer, com o objetivo de nominar um espaço de livre expressão, em formatos e temas que fazem parte do meu cotidiano, assim como do cotidiano de quem por aqui passar.
    hola !



    Seguidores


Recent Comments