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do extraordinário...

Passo Fundo, 01 de abril de 2014.

Agora à noite vivenciei uma experiência extraordinária... uma experiência igual àquelas de que tanto falo em aula, sobre a forma como nossa presença pode se expandir através da rede, embora ao mesmo tempo, faça do real representação, e da presença uma quase ausência.

E não digo (extra)ordinária só pela experiência estética, mas pela oportunidade única de vive-la, e de tê-la feito para ser atravessada por um discurso agudo, singular e polissêmico sobre o Brasil que se transforma; mas também sobre um Brasil que se sustenta ancorado no mesmo de sempre (com o perdão da redundância), um Brasil do ontem, do hoje e do amanhã.

“Hoje, dia 1º. de abril, às 21h30, o Teatro Oficina – símbolo e palco de revoluções libertárias, tanto na década de 1960 quanto agora – recebe o público para a leitura viva e encenada da peça poema Walmor y Cacilda 64 – O RoboGolpe, escrita por José Celso Martinez Corrêa e recriada pela Associação Teat®o Oficina Uzyna Uzona para reinterpretar os fatos da história recente e atual do Brasil, transmutados em vida teatral. A SESSÃO ÚNICA é parte integrante da Vigília pela Liberdade, projeto da Companhia de Teatro Os Satyros que envolve diversas companhias teatrais paulistas, convidadas para transformar em obra de arte suas visões sobre os 50 anos do Golpe Militar.

Essa apresentação única foi toda transmitida ao vivo, pela rede, desde os bastidores, horas antes do espetáculo, até a despedida da plateia.

Parece algo comum, já que atualmente muitas coisas são transmitidas via web em tempo real, mas aqui vemos a convergência de muitas linguagens (a do teatro, a do vídeo, a da fotografia e a da rede). Mais do que isso, a câmera na mão acompanhando cada movimento das personagens em cena, tal qual o olho do espectador, nos faz sentir parte da plateia: lá, e ao mesmo tempo aqui. Converte a experiência do real em representação, e da representação em real mais uma vez, modificando nossa relação com o tempo, com o espaço e nossa sensibilidade diante do mundo.

Não sei dizer bem, mas tudo isso mexeu comigo.


Talvez porque estivéssemos falando de Zé Celso, talvez e, sobretudo, porque estamos falando do Brasil, talvez e, principalmente, porque estamos falando de nós.

Achismos

Domingo, 19 de abril de 2009.
Postado por Bibiana Friderichs às 15:48.
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Um texto de achismos,
sem fundamentação teórico-metodológica:
é mesmo só o que eu acho!

Tenho ouvido e lido muito sobre as tecnologias que rondam nossa orbe pós-moderna. (Sim eu gosto desse conceito, apesar da ironia com que o trata meu amigo César Augusto). Acredito que somos personagens de um mundo hiper, fluído e excessivo. Mais do que isso: adoro as cores, os traços e as texturas da arte produzida neste tempo. Gosto mesmo, mais do que qualquer Mona Lisa e afins. Mas, calma, não estou falando “exatamente” de arte. Estou falando apenas de gosto, do meu gosto para a arte.

Também já não acho mais que os filmes de ficção científica, sobre figuras andrógenas, cibórgs e máquinas do tempo, sejam apenas “de” ficção. Penso que uma nova leitura e percepção da realidade está sendo delineada diante de nós, e não a compreendemos bem porque é muito difícil olhar ao redor, por dentro, para confiscar uma expressão do mundo em movimento, e, portanto, mutante. Parece mais fácil olhar para trás. Mas talvez só pareça, o problema são todas as nossas limitações.

Há três semanas comecei a ler com meus alunos o livro da Santaella sobre o pós-humano, a arte e a cultura. Discutir tal complexidade nos exigiu um olhar atencioso sobre a dinâmica das transformações culturais a que estamos sujeitos e, particularmente, a presença da tecnologia nesse processo diacrônico. Como disse Castells (1999, p.44), não podemos pensar a sociedade como produto das inovações tecnológicas, da mesma forma que não podemos compreendê-la sem nos perguntarmos o que ela faz com a tecnologia que desenvolve:

Sem dúvida a habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada período histórico, traça seu destino, ao ponto de podermos dizer que, embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades, bem como os usos que as sociedades, sempre em processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico.

Durante nossas discussões, a partir do texto da autora, observei que talvez por carregarmos um montante significativo de bagagem cultural trazida do século passado, ou seja, por nos sentirmos ainda modernos, tenhamos certa dificuldade em reconhecer e aceitar os então “revolucionários” modos de ler e contar o mundo, mais do que isso, as outras formas de sociabilidade que involuntariamente acabamos por instituir, e assim também, as identidades engendradas ao longo desse processo.

E mesmo apropriando-se e criando rapidamente uma outra semiose para o mundo, demoramos a entender que é preciso abrir mão de uma perspectiva pouco polissêmica da realidade, e as vezes largar no meio do caminho as nossa muletas, esquecer de certos pré-conceitos pré“sentidos”, perder parte da memória (um processo natural e saudável, como li na SuperInteressante).
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Quem sabe, para aceitar o novo, precisaremos cometer alguns assassinados (não ignorar o passado, mas ciente dele e da trajetória que percorremos até aqui, deixá-lo para lá), seguindo a máxima Darwiniana (só para relembrar o 150 anos da teoria da seleção natural).

- Vc é homo sapiens? Não? Então toma isso, e isso e mais isso! (he he he...a frase é um subtexto da Ana, e a cena em que ela disse isso foi hilária, mas perspicaz).

o cinismo da História



Essa semana li no Yahoo que um historiador inglês acusou os Beatles e o Stones de serem “cínicos capitalistas”. Disse que eles não estavam interessados em ser porta vozes de uma geração e só queriam vender discos. Resumido: não foram heróis da contracultura, mas exploraram cinicamente a cultura jovem dos anos 1960 com fins exclusivamente lucrativos.
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Li com calma o texto encontrado, e fiquei me perguntando: mas foram eles que se auto-proclamaram heróis ou fomos nós que os elegemos? Qual o problema quando músicos querem vender seus discos? Qual o problema?
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Curiosamente discutimos na aula sobre os Beatles, a Britnei Spirs (é assim que escreve? não faço questão de saber!) mídia, memória do presente e o sentido da perspectivas na sobremodernidade (palavra nova que aprendi, gostei!). Sob certo aspecto, dizia uma colega, a Britnei fez mais sucesso que os Beatles, mas um sucesso despropositado e efêmero, que se dissipa na mesma medida em que passam os segundos midiáticos. Já os Beatles servem, ainda, como referência para a nossa geração (mesmo que na década de 60, nem sequer tenhamos nascido).
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Mas até quando? Até quando conservaremos este senso de perspectiva, essa capacidade de olhar para trás e estabelecer pontes entre o passado (distante ou não) e o presente? De olhar ao redor e perceber que todo fenômeno cultural se estrutura de modo dialético e, portanto, dinâmico e mutante. Compreendê-los (se é que isso é possível) exige perceber cada evento mergulhado em seu contexto sócio-histórico, o que é cada vez mais difícil num mundo cujo volume de informações disponibilizadas constitui um tipo de memória on time, sem rastros.

Sim, parece que sou uma pessimista, mas isso não é verdade!

A garota de vitrine


Faço referência ao filme de Anand Tucker não porque acredito que haja uma relação inequívoca entre mim e a personagem (e há, sempre há), mas porque gosto, e ouso dizer que acho até poética e pós-moderna, a idéia de uma parede de vidro. Uma parede de vidro translúcida através da qual enxergamos o mundo. Pode ser uma vitrine ou pode ser uma tela de cristal líquido (?).

Confesso, que certa feita cheguei a pensar num sentido eternizado da palavra vitrine - “vidraça atrás da qual ficam expostos objetos destinados à venda ou a serem vistos”(1) - de modo que a sensação estabelecida, na época, é a de que só havia duas ações possíveis diante da uma vitrine: a de comprar ou a de ver.

No entanto, essa imobilização do sentido – como costumamos fazer com uma série de outros signos que circulam em nosso cotidiano, ignorando o diálogo que travam entre si e com o contexto no qual são produzidos e consumidos – passa a ser relativizada diante da complexidade e da dinamicidade das práticas com as quais nos comprometemos no novo mundo que acaba de nascer, mas que existe desde sempre.

Passei, então, a me perguntar: quem está dentro da tela? E quem está fora dela? Quem é o exposto? E o observador? De quem é o texto? Há de fato um avatar? Sou espectador ou sou navegante ou sou autor?

Foi a ousadia de Chaplin que, como num passe de mágica, devolveu, diante dos meus olhos, a polissemia do signo vitrine (que na leitura que fiz/faço era/é sinônimo de tela). O ator – e atentem aqui para o fato de que quando trago essa informação é porque acredito na potencialidade da linguagem cênica, uma vez que ela consegue descortinar as essências das práticas da vida – anteviu uma nova relação do sujeito com o mundo. Já no início do século passado ele colocou Carlitos frente aos manequins da vitrine de uma loja qualquer, e sem cerimônia apontou para fora dela, apontou para nós, espectadores, (des)cobrindo nosso esconderijo, anunciando que somos espectadores na mesma medida em que somos atores.

Mais tarde, também fui sacudida pela obra de Velásquez – homem do seu tempo, em tal dimensão, que se tornou homem do meu também – e me perguntei novamente: afinal, quem é o quadro? A evidência, então, saltou-me as vistas. Nós não olhamos As Meninas, mas somos vistos por elas. Frente a imagem, a sensação que nos toma é de que as regras do jogo foram mudadas.

Hoje, a vitrine é, para mim, uma metáfora do lugar onde nossas vivências estão/são experimentadas, e a partir do qual exercitamos múltiplas leituras. Ora, somos transeuntes de uma orbe hipertextual, sujeitos das nossas partidas e chegadas, autores das histórias que contamos e das que lemos. Arquitetos dos caminhos possíveis e dos impossíveis.


“Mas onde está o quadro?”, perguntou Theóphile Gautier em 1819, quando viu As Meninas. Uma das respostas possíveis é que o quadro está onde nós estamos, emoldurados pela vitrine, pelos limites das 17 polegadas, livres dentro da infinidade da rede. Somos pintados, dentro e fora da moldura. Seguimos num (des)território, (des)interessados da saída, dos reversos e dos anversos (para fazer referência a Lacan).

Obs.:
1. FERREIRA, A. B. H. Mini Aurélio: o minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
2. Os (des) que estão neste texto nasceram de uma provocação feita pelos meninos do EREP Sul, que, sem querer, me deram muito em que pensar.

Página inicial
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    "ao reescrever o que dissemos, protegemo-nos, vigiamo-nos, riscamos as nossas parvoíces, as nossas suficiências (ou insuficiências), as hesitações, as ignorâncias, as complacências; [...] a palavra é perigosa porque é imediata e não volta atrás; já a scriptação tem tempo à sua frente, tem esse tempo próprio que é necessário para a língua dar sete voltas na boca; ao escrever o que dissemos perdemos (ou guardamos) tudo o que separa a histeria da paranóia" (BARTHES, 1981, p.10).

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quem é a garota da vitrine?

Minha foto
Sou formada em Radialismo e Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e desde 2004 atuo como professora dos cursos de Comunicação Social na mesma instituição. Ainda na UPF, fiz especialização em Leitura e Animação Cultural, e recentemente concluí o doutorado pela PUCRS. Sempre trabalhei com o universo radiofônico, pelo qual sou apaixonada. Gosto particularmente das suas aproximações com a arte. Minhas últimas descobertas de pesquisa rondam em torno da produção de sentido (em nível verbal e não-verbal) sob a perspectiva semiológica.

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pelo caminho...

pelo caminho...
lendo... só lendo e imaginando uma história da nossa suposta história...

O museu é virar a gente de ponta cabeça. Tem versão digital ao clicar na imagem.

da era do pós-humano.

de Brenda Rickman Vantrease, sobre os poderes que se interdizem desde o início dos tempos.

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o que são scriptografias e outras escrivinhações?

O título deste blog foi inspirado nas observações feitas por Roland Barthes a cerca do processo de produção e significação dos textos que circulam pela prática social. Ele fala em scriptação, escrita, escritor e escrevente. No entanto, o nome scriptografias e outras escrivinhações, não passa de uma "licença" poética, por assim dizer, com o objetivo de nominar um espaço de livre expressão, em formatos e temas que fazem parte do meu cotidiano, assim como do cotidiano de quem por aqui passar.
    hola !



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