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Djanira: um portal sobre o papel dos professores

Há cerca de duas semanas, fui com meu filho de 04 anos numa roda de samba, organizada pelo Grupo Ritornelo de Teatro. Lá, para minha surpresa, encontrei a professora Djanira. Surpresa, porque ela foi minha professora na 6ª, 7ª e 8ª série, há quase 30 anos, e a vi poucas vezes depois disso. Mas ela estava lá, com toda a sua força e sua negritude, e nos presenteou com sua voz.

Para mim foi uma oportunidade única, bem a tempo (falecida em julho de 2019, cerca de um ano atrás). Quando a vi, fiquei tão contente, que tive de me aproximar e dizer, rapidamente: "- oi professora, que bom lhe ver, fui sua aluna no IE". Ela me olhou, sorriu e disse: - eu lembro.

Não sei exatamente se ela lembrou mesmo ou não, mas não importa. Djanira foi professora de muita gente, e toda essa gente teve a oportunidade de aprender com ela, aprender uma paixão pela vida, a força da natureza de quem somos, aprender a olhar para dentro, enxergar o nosso potencial.

Para uma menina bugra do interior, filha de professores, em escola particular, muito estudiosa e acuada diante da diferença social, financeira e cultural que havia entre ela e os colegas, diante do bullying naturalizado, só a presença e o brilho dessa professora já eram suficientes. Mas Djanira foi além: ela me incentivou a entrar para o coro da escola, a fazer teatro, me preparou para provas de poesia e oratória da Olimpíada Metodista, e esteve presente para conversas permanentes. Ficava sempre numa sala ótima, no miolo do "rendondão".

Foi o teatro que me ajudou a pagar a minha faculdade, anos depois. Hoje sou Diretora de uma Faculdade de Artes e Comunicação. Tenho a plena consciência do papel indelével dos professores na minha formação: da professora Leocí, da primeira série; da amada professora da minha terceira série, uma senhora de óculos baixos e voz amorosa; da professora Leonir, diretora da minha escola primária, São João, que me recebia compreensivamente em sua sala, inúmeras vezes; da professora Tania Maria Von Meusel (Escola de Ensino Fundamental St. Patrick), minha professora no Magistério, que fez meus olhos brilharem falando de aprendizagem e com quem, hoje, compartilho a formação do meu filho; das professoras Cilene Maria Potrich e Tania Mariza Kuchenbecker Rosing, que nunca me deram aula em sala de aula, mas me ensinaram muito, de formas que eu nem consigo mensurar (sem dúvida, mulheres a frente do seu tempo); do professor César Augusto Azevedo dos Santos, meu Amado Mestre, que guiou meus passos na pesquisa e na docência, que mostrou que aprendemos juntos; do professor Benami Bacaltchuk, que sempre confrontou carinhosamente, mas incansavelmente, as minhas certezas, porque é fazendo perguntas que movemos o mundo (e ele sabe disso); do professor Roberto Ramos, meu herói na investigação acadêmica e na descoberta das evidências de que a produção de conhecimento científico tangibiliza o cotidiano, o ressignifica, e na revelação de que fazer pesquisa é um ato político; e de muitos professores nessa trajetória, que não mencionei aqui. Sobretudo, dos meus pais, Dolores Barbosa de Paula e Vlademir Alexandre Menegaz, que além de serem meus pais e a força da minha existência, são de profissão, professores, professores que fizeram a diferença na vida de muita, mas muita gente, professores de quem tenho o mais profundo orgulho.

Além da história particular que tenho com a professora Djanira, naquela noite de samba, e hoje, escrevendo este texto, ela também foi/é, para mim, um portal. Um portal através do qual enxergo, mais uma vez, todos esses professores, e, mais do que isso, enxergo e tangibilizo o inextinguível papel dos professores na vida das pessoas, como fontes de inspiração, como faróis numa noite escura, em meio ao desconhecido, que é como todo futuro (e, as vezes, o próprio presente) pode parecer.

Djanira foi uma professora que fez a diferença na minha vida, assim como provavelmente fez a diferença na vida de muitas, muitas outras pessoas, na sala de aula ou fora dela. Agora ela se foi. Mas sua partida não deixa um vazio, deixa um legado. Obrigada, professora.
A foto roubartilhei do face do filho dela, Odorico.

Diálogo XII - com os professores

Há cerca de duas semanas, fui com meu filho de 04 anos numa roda de samba, organizada pelo Grupo Ritornelo de Teatro. Lá, para minha surpresa, encontrei a professora Djanira. Surpresa, porque ela foi minha professora na 6ª, 7ª e 8ª série, há quase 30 anos, e a vi poucas vezes depois disso. Mas ela estava lá, com toda a sua força e sua negritude, e nos presenteou com sua voz. 

Para mim foi uma oportunidade única, bem a tempo. Quando a vi, tive de me aproximar e dizer, rapidamente: "- oi professora, que bom lhe ver, fui sua aluna no IE". Ela me olhou, sorriu e disse: - eu lembro.

Não sei exatamente, se ela lembrou mesmo ou não, mas não importa. Djanira foi professora de muita gente, e toda essa gente teve a oportunidade de aprender com ela, aprender uma paixão pela vida, a força da natureza de quem somos, aprender a olhar para dentro, enxergar o nosso potencial.

Para uma menina bugra do interior, filha de professores, em escola particular, muito estudiosa e acuada diante do abismo da diferença social, financeira e cultural que havia entre ela e os colegas, diante do bullying naturalizado, só a presença e o brilho dessa professora já era suficiente. Mas Djanira foi além: ela me incentivou a entrar para o coro da escola, a fazer teatro, me preparou para provas de poesia e oratória da Olimpíada Metodista, e esteve presente para conversas permanentes. Fica sempre numa sala ótima, no miolo do "rendondão".

Foi o teatro que me ajudou a pagar a minha faculdade, anos depois. Hoje sou Diretora de uma Faculdade de Artes e Comunicação. Tenho a plena consciência do papel indelével dos professores na minha formação: da professora Leocí, da primeira série; da amada professora da minha terceira série, uma senhora de óculos baixos e voz amorosa; da professora Leonir, diretora da minha escola primária, São João, que me recebia compreensivamente em sua sala, inúmeras vezes; da professora Tania Maria Von Meusel (Escola de Ensino Fundamental St. Patrick), minha professora no Magistério, que fez meus olhos brilharem falando de aprendizagem; das professoras Cilene Maria Potrich e Tania Mariza Kuchenbecker Rosing, que nunca me deram aula em sala de aula, mas me ensinaram muito, de formas que eu nem consigo mensurar (sem dúvida, mulheres a frente do seu tempo); do professor César Augusto Azevedo dos Santos, meu Amado Mestre, que guiou meus passos na pesquisa e na docência, que mostrou que aprendemos juntos; do professor Benami Bacaltchuk, que sempre confrontou carinhosamente, mas incansavelmente, as minhas certezas, porque é fazendo perguntas que movemos o mundo (e ele sabe disso); e de muitos professores nessa trajetória, que não mencionei aqui. Sobretudo, dos meus pais, Dolores Barbosa de Paula e Vlademir Alexandre Menegaz, que além de serem meus pais e a força da minha existência, são de profissão, professores, professores que fizeram a diferença na vida de muita, mas muita gente, professores de quem tenho o mais profundo orgulho.

Além da história particular que tenho com a professora Djanira, naquela noite de samba, e hoje, escrevendo este texto, ela também foi/é, para mim, um portal. Um portal através do qual enxergo, mais uma vez, todos esses professores, e, mais do que isso, enxergo e tangibilizo o inextinguível papel dos professores na vida das pessoas, como faróis numa noite escura, em meio ao desconhecido, que é como todo futuro (e as vezes o próprio presente) pode parecer.

Djanira foi uma professora que fez a diferença na minha vida, assim como provavelmente fez a diferença na vida de muitas, muitas outras pessoas, na sala de aula ou fora dela. Agora ela se foi. Mas sua partida não deixa um vazio, deixa um legado. Obrigada, professora.


Sobre minha mãe

A minha mãe é demais, e como Vó é um barato😎! Mas o mais legal, é que a minha mãe é uma vó que ainda me deixa ser filha. Quando a gente vira mãe, o mundo vira de cabeça para baixo, e no meio dessa bagunça que vira a vida, da preocupação de cuidar de alguém, é muito bom ter alguém que cuida gente. A minha mãe é daquelas que ainda diz: “leva um casaco”, “vê se come direito”, “tá com olheira, vai descansar”. E ela também faz comidinhas gostosas pensando em mim, me liga quando tem promoções no supermercado (💸kkkk), me lembra das consultas médicas e dos lugares onde eu guardei as coisas (as vezes, sou esquecida kkkk). Ela sempre sabe quando eu preciso de algo (especialmente ajuda, colo ou chamada de atenção) e misteriosamente meu celular toca, bem na hora que eu peguei para ligar para ela, ou recebo um zapzap (já perdi a conta das vezes que isso aconteceu). E é claro, tudo isso reflete no Pedro, o filho da filha ❤️. Te amo demais mãe.


Uma carta para Pedro (diálogo XI)

Filho, te escrevo hoje porque, talvez, daqui há alguns anos, quando puderes compreender, terei perdido as palavras para falar do agora. Te escrevo hoje, porque hoje é o teu aniversário, e só o hoje tem esse sabor de presente, um sabor que quero suspender no tempo, um sabor que quero saber e compartilhar contigo para todo o sempre. Te escrevo para prender na escritura o calor que amor(na) minha vida desde que chegaste. Um calor de cobertor leve em dia de chuva, um calor de corpo que aquece, um calor de aconchego, um calor de amor que está sempre por perto, correndo pela casa. Um calor de verão ensolarado, para brincar na beira do rio ou do mar, para rolar na grama das praças, para comer fruta gelada. Por isso, teus sorrisos fazem dos meus dias brisa, e tuas febres, dos meus dias angústia. Mudaste não apenas o centro de gravidade do meu corpo, mas se converteste em centro, um centro em torno do qual orbito, fascinada.

Te observo, por exemplo, repetidas vezes, acordar de manhã e sair pelo apartamento procurando o gato só para perguntar-lhe: "tudo bem Iggy, você está bem?", mesmo sabendo que o bicho não vai lhe oferecer uma resposta convencional, e te amo todas as vezes por isso. Te amo quando, como por encantamento, conecta-se com algum desconhecido na rua ou numa história, para sentir: "mamãe, a moça está triste", ou quando conclui que está se divertindo com algo: "que legal! uau". Te amo quando, entre uma brincadeira e outra, sempre volta para os instrumentos musicais. Não importa se são de metal, madeira, plástico, isopor ou lata. Não importa se produzem um som real ou de faz de conta. O importante é toca-los. Te amo quando o capricho da vida nos permite passar muito tempo juntos, e então ganho muitos abraços espontâneos e sorrisos de amor. Aliás, amo o teu riso fácil, e as espiadas com o canto do olho. Amo quando te disfarças de gente crescida para apoiar a mão no queixo, ou os braços na cintura e fazer caras e bocas. Amo quando tira do bolso expressões ou frases surpreendentes e engraçadas, sempre na hora certa: "ups", "que chato", "boa ideia", "você é uma gatona mamãe" (hehehe). Te amo ao perceber que te perdes por alguns minutos no mundo da imaginação e brincas contigo mesmo, ou quando transforma um degrau na soleira de uma porta em sofá e o reflexo da lataria de um carro em televisão, esticando o braço e dizendo: "pip, pronto, liguei a TV mamãe". Qualquer lugar é lugar, tudo é novidade, tudo ainda pode ser brincadeira. "Porque vc parou Pedro?", "para olhar se vem carro, mãe". Amei o dia em que você, sei lá por qual razão, trocou o "mamãe" pelo "mãe". Não vou esquecer: era domingo, 28 de maio. Amo a tua generosidade, que gosta de cavalos, como o vovô Menegaz, de trens, como o vovô Darci, de skate, como o papai, de livros, como a mamãe, ou de plantas como a vovó Dodoi. Uma generosidade que te permite compartilhar, especialmente, e com cada um, aquilo que lhe desperta amor.

E te tanto te amar, meu menino, meus desejos para ti transbordam. Desejo que conserve uma medida saudável desse sorriso ingênuo e alegre que carrega nos olhos, e outra medida equilibrada desse moleque arteiro e persistente. Desejo que o bom senso te acompanhe, assim como a integridade e a ética. Desejo que saiba ver e ouvir o outro, reconhecer e, sobretudo, celebrar a diferença. Que esteja ao lado da liberdade, de escolha e de voz, assim como da igualdade, daquilo que nos une como humanos. Desejo que aprenda a respeitar o meio ambiente e valorizar a natureza como lugar e abrigo de todos os seres vivos. Desejo que cultive a leitura como prática cotidiana, que conheça a História (a tua, a dos outros e a do mundo) e que defenda as Artes e a diversidade cultural. Desejo que conheça pessoas e as perceba em sua complexidade, e que teu coração possa vibrar em cada um desses encontros. Desejo que tua imaginação frutifique, ao mesmo tempo em que tuas raizes se fortaleçam no mundo vivido: coisas lindas e transformadoras podem vir desse cruzamento! Desejo tudo isso hoje e desejo tudo isso sempre! Feliz aniversário meu amor.

Texto publicado originalmente em junho de 2017.

do extraordinário...

Passo Fundo, 01 de abril de 2014.

Agora à noite vivenciei uma experiência extraordinária... uma experiência igual àquelas de que tanto falo em aula, sobre a forma como nossa presença pode se expandir através da rede, embora ao mesmo tempo, faça do real representação, e da presença uma quase ausência.

E não digo (extra)ordinária só pela experiência estética, mas pela oportunidade única de vive-la, e de tê-la feito para ser atravessada por um discurso agudo, singular e polissêmico sobre o Brasil que se transforma; mas também sobre um Brasil que se sustenta ancorado no mesmo de sempre (com o perdão da redundância), um Brasil do ontem, do hoje e do amanhã.

“Hoje, dia 1º. de abril, às 21h30, o Teatro Oficina – símbolo e palco de revoluções libertárias, tanto na década de 1960 quanto agora – recebe o público para a leitura viva e encenada da peça poema Walmor y Cacilda 64 – O RoboGolpe, escrita por José Celso Martinez Corrêa e recriada pela Associação Teat®o Oficina Uzyna Uzona para reinterpretar os fatos da história recente e atual do Brasil, transmutados em vida teatral. A SESSÃO ÚNICA é parte integrante da Vigília pela Liberdade, projeto da Companhia de Teatro Os Satyros que envolve diversas companhias teatrais paulistas, convidadas para transformar em obra de arte suas visões sobre os 50 anos do Golpe Militar.

Essa apresentação única foi toda transmitida ao vivo, pela rede, desde os bastidores, horas antes do espetáculo, até a despedida da plateia.

Parece algo comum, já que atualmente muitas coisas são transmitidas via web em tempo real, mas aqui vemos a convergência de muitas linguagens (a do teatro, a do vídeo, a da fotografia e a da rede). Mais do que isso, a câmera na mão acompanhando cada movimento das personagens em cena, tal qual o olho do espectador, nos faz sentir parte da plateia: lá, e ao mesmo tempo aqui. Converte a experiência do real em representação, e da representação em real mais uma vez, modificando nossa relação com o tempo, com o espaço e nossa sensibilidade diante do mundo.

Não sei dizer bem, mas tudo isso mexeu comigo.


Talvez porque estivéssemos falando de Zé Celso, talvez e, sobretudo, porque estamos falando do Brasil, talvez e, principalmente, porque estamos falando de nós.

Diálogos X



Acredito que nossas bravatas, nossas crenças e, consequentemente, quem somos é uma coleção de sentidos construídos e compartilhados ao longo da trajetória que percorrermos.  Por isso, só posso falar do Mundo da Leitura com afeto. Nossa história (a minha, a do Centro e a do grupo com quem trabalhei) é feita de atravessamentos, de trocas, de sentidos comungados. 

Lembro, com a nostalgia guardada para todas as boas experiências, de fazer parte de uma pequena equipe de pessoas, generosas e comprometidas, guiadas por uma mulher à frente de seu tempo, cuja fé na arte, na educação e, sobretudo na leitura, nos mobilizava. Não apenas na leitura do texto literário, mas dos múltiplos documentos, em diferentes linguagens, que circulam pelo cenário social. Um mulher obstinada pela leitura do mundo, que em última análise pode transformá-lo. 

Como disse, certa vez, Bartolomeu Campos Queirós: 

“Quem sabe assim ler, eu pensava, não carrega medo em suas andanças. Quem decifra o livro da natureza ganha de todos em coragem. E o menino, por assim bem ler, tinha a escrita na ponta dos dedos: pescava, remava, tecia, colhia, plantava e amava”. 

Tenho orgulho de ter feito parte deste projeto e me encho de felicidade ao saber que ele já está fazendo 15 anos!

em apuros

Passo Fundo, 02 de fevereiro de 2012.


Uma amiga em apuros sem querer, uma lei maluca aprovada, a sujeira na beira da praia em Cidreira/RS, a história que minha mãe contou sobre uma prima, enfim... coisas que vi e ouvi nesta última semana me fizeram acreditar que o mundo está mesmo de cabeça para baixo (pelo menos de onde posso vê-lo).

Claro, acredito que a transição de um conjunto de valores para outro integre a dinâmica da história. Que de tempos em tempos precisamos rever posturas diante das novas configurações que o contexto cotidiano assume (e as assume não por conta própria evidentemente). Que cedo ou tarde surgem novas religiões, as pessoas assumem novos papéis e o mundo precisa de outros cuidados. Mas tem de ser tão rápido? E, sobretudo: tão radical?

Uma noite destas me surpreendi debatendo com um amigo a questão da radicalidade de algumas medidas/idéias. Ele dizia, e talvez eu não possa lhe tirar de todo a razão, que chega um momento em que o caos é tanto que são necessárias medidas radicais para que pelo menos as pessoas prestem atenção no tema em pauta, passem a refletir sobre ele. E eu acrescentaria a esse argumento ainda outra questão: para que, pelos menos, se as pessoas não entendem a relevância ou gravidade de determinados comportamentos, obedeçam o que está estabelecido na lei, pois ela existe, suponho, para garantir a integridade humana, a justiça e o bem social.

sempre tem gente que tenta, pena que não é todo mundo!
Por outro lado, alguma coisa em mim se inquieta diante dessas justificativas. Não me parecem satisfatórias. Certa vez o professor Gerson Trombetta num dos debates do Circuito de Cinema, Cultura e Psicanálise, falando sobre uma das “faces do mal” (tema do encontro), ponderou que a racionalidade e a irracionalidade podem ser duas faces da mesma moeda. Ao construir sua fala ele disse que “há irracionalidade na tolerância exagerada”, algo sobre o que eu ainda não havia pensando. No dia seguinte comentando no twitter sobre o assunto, ele arrebatou meus pensamento dizendo: “Mais dramático ainda é pensar que há racionalidade (da boa) na intolerância!!!"

Nunca esqueci esta metonímea. Me parece que tudo que é radical implica na ignorância do contexto, porque tende a simplificação, em extremos paradoxais e isolados, do cenário complexo e integrado que é a realidade e a condição humana. Precisamos de sensatez para avaliar cada situação e não acredito que leis e medidas que a ignorem possam frutificar, sob a pena da cegueira. 

Já leu Saramago?

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Cidade suspensa

Passo Fundo, 22 de janeiro de 2012.

Quando resolvi escrever essa crônica a primeira coisa que me veio à mente foi o título. Sua referência é uma homenagem ao livro Cidade Sitiada, de Clarice Lispector, que li muito cedo na vida, talvez cedo até de demais, e pouco me lembro do enredo. Mas sinceramente, neste caso, o enredo não é mesmo muito importante.

A menção ao livro não serve para reprisar uma história, mas para referendar uma sensação, a sensação que esta história traduziu para mim ao lê-la, e que ficou gravada na memória mais do que o próprio enredo que me levou a ela.

Falo do estado de suspensão do tempo e do espaço que sentimos quando o dia, as horas, as coisas, resolvem arrastar-se diante dos nossos olhos, como se deixassem um borrado na imagem de cotidiano que produzem, justamente enquanto transitam do presente para o passado. O resultado é uma pintura disforme e esmaecida onde o futuro, ou antes dele, o extraordinário, parecem algo tão distante quanto impossível.

Era dia de Natal. Andávamos meu marido e eu, pelas ruas centrais de uma cidadezinha do interior - dessas onde ainda é possível deixar as portas das casas abertas e o portão escorado, num convite à chegada sem aviso dos vizinhos e dos amigos. Cenário bucólico senão fosse outro ingrediente que me despertou a atenção.

De fato saímos a passear porque acreditávamos estar incomodados com o quase silêncio e a imobilidade que nos cercava. Atribuímos isso, incialmente, ao contraponto com a vida quase sempre corrida que levamos. Mas em seguida descobri que nossa inquietação podia ser por um pouco mais do que isso.

Ao espiar pela fresta da porta da frente de cada casa, de cada janela pela qual passamos, descobri o que realmente me incomodava: era o som baixo e distante que entrecortava o silêncio de duas ou três passadas; era a luminosidade azulada que molhava o rosto das pessoas sentadas em seus sofás aconchegantes; era a presença da televisão.

Em pleno dia de Natal vi as pessoas estatizadas diante dela. As salas estavam cheias - sim, os parentes vindos de longe haviam comparecido ao festejo da noite anterior -, mas estranhamente ninguém conversava, o máximo de reação que percebíamos era um sorriso ou uma cara de espanto diante do comentário incauto feito pelo apresentador de plantão. Nem o conteúdo do picadeiro eletrônico pautava um muxoxo entre a parentalha, ninguém sequer piscava. Assim muitas famílias passaram a tarde, a noite talvez. Quase ninguém nas ruas, quase ninguém falava, quase ninguém se movia.

E cá pensei comigo: algumas vezes precisamos da teoria para compreender o que é feito do mundo na prática, mas em outras, mesmo sem livros nas mãos ou sem computador para consultas, podemos reaprender velhos conceitos, como o da alienação.

Tivemos muito sobre o que conversar na volta para casa: uma viagem de mais ou menos 150 km... pois é, nem tão longe dali.

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O que será que há?

Passo Fundo, 20 de setembro de 2011.

Certa vez li em Barthes que todo o texto nos arrasta por seu tecido. Aliás, o autor defende que existem três vias através das quais um texto pode capturar o leitor: 1) por meio da relação fetichista que ele estabelece com as palavras, as imagens, os enquadramentos, ou melhor, o prazer de descobrir aquele conjunto de frases, de cenas, de seqüências; 2) o poder de suspense da narrativa, que ao mesmo tempo em que acontece também termina-se, pouco a pouco, diante de nós; e 3) o desejo da escrita,  “o desejo que o escritor teve de escrever: desejamos o desejo que o autor teve do leitor enquanto escrevia, desejamos o ame-me que está em toda escritura” (pg.50).

Assim, seguimos lendo, ora motivados pela ânsia de nos reencontrar no texto, ora pelos abalos que ele pode nos causar, e ora pela fruição de uma nova escrita, em particular se ela for parte de um discurso de rupturas, que se desenrola margeando a linguagem.

Atenta ao meu velho guia, observo que tenho lido muito, mas talvez não esteja lendo o suficiente, ou os textos certos, ou os lendo direito (existe isso?). O fato é que não tenho vontades de escrivinhações. O que será que há? 

nossos desejos...



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Mostra pedagógica... sucesso!

Antes tarde, que mais tarde!

Demorei um pouco para postar o texto que o Douglas Britto, aluno da escola Baltazer de Oliveira Garcia (POA) escreveu sobre a III MOSTRA PEDAGÓGICA, organizada pela ESAE BOG. O Douglas integrou a turma que fez comigo a oficina de jornalismo online, e saiu-se um verdadeiro FOCA!!!

Reproduzo abaixo seu texto e com ele uma abraço hiper carinho para a Maria Luiza, a Alveny e todo o pessoal das escolas que compõe o projeto, do qual tenho muito orgulho de participar!

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Manifestações artísticas, apresentações de dança, foi o que a III MOSTRA PEDAGÓGICA E I SEMINÁRIO “AS LINGUAGENS DO PROTAGONISMO JUVENIL, ROMPENDO LIMITES” nos mostrou.
Realizado no dia 20 de Outubro de 2010 no Auditório Dante Barone, na Assembléia Legislativa, o evento foi organizado pela EQUIPE DE SAÚDE ESCOLAR BALTAZAR DE OLIVEIRA GARCIA, coordenado pela psicóloga Maria Luiza Ramos. O evento contou com a presença do Secretário da Educação do Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Ervino Deon, de representantes da 1º COORDENADORIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO, e coordenadores da SEÇÃO DE SAÚDE ESCOLAR.
Estiveram presentes 28 escolas da zona norte de Porto Alegre, apresentando os trabalhos desenvolvidos no ano de 2010.
Contamos com a presença da Jornalista, Professora e Mestra, Bibiana de Paula Friderichs, da Universidade de Passo Fundo, que fez a palestra sobre o tema “As Linguagens do Protagonismo Juvenil Rompendo Limites”, onde os jovens viram a importância deles na nossa sociedade e exemplos de vida.
A escola também apresentou grandes projetos, como o do professor Jonas Cordeiro com o tema “O quê? Para quê? Onde usamos? E como podemos mudar? 8 Jeitos de Mudar o Mundo”, que eram perguntas que os alunos faziam, e ele montou um projeto em cima disso.
A professora Leila Nunes, com o projeto “Protagonismo Juvenil. Integração Família Escola”, que foi um sábado de integração com as famílias do nosso bairro, com artesanato e exposições de trabalhos.
E o grande projeto foi a apresentação “Jornal Bognews-Protagonismo em ação” representado pela parceira e professora Joci Souza,e pelo editor chefe Douglas Brito, onde divulgamos e contamos as pessoas a história do nosso jornal e futuros projetos.
Na parte da tarde tivemos as manifestações artísticas, onde tivemos apresentações de dança, oficinas de literatura, peças teatrais, corais, onde tivemos a apresentação de alunos com parceria de escola de samba.
Agradecemos a presença de todos e parabenizamos pelas apresentações.
À EQUIPE DE SAÚDE ESCOLAR, (Alveny, Maria Luiza, Olga, Roseli, Salete) nosso carinho e respeito pelo belo trabalho realizado!
Ano que vem tem mais!!!

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da necessidade de falar sobre coisas importantes

Quinta-feira, dia 07 de agosto de 2009.
Postado por Bibiana de Paula Friderichs às 15:21.

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Toda vez que vou escrever para o meu blog, fico pensando em assuntos supostamente relevantes (ou seria melhor dizer politicamente corretos?!) sobre os quais deveria (será?!) refletir e escrever, como por exemplo as questões referentes o surto da gripe A (não acho exagero tomar cuidado!), e a cobertura da imprensa, ou a briga entre os senadores e o Sarney, ou a investigação contra a governadora do estado, ou a fusão de grandes empresas no universo digital ou... blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá.
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Mas o que fazer se não tenho vontade nenhuma de falar sobre essas coisas?

Quero falar de amenidades (mesmo que muita gente ache que isso não tem nada a ver comigo). Quero falar sobre o ótimo livro que estou lendo agora (Travessuras de menina má, de Mário Vargas Llosa), sobre a minha impaciência com as coisas do doutorado, sobre a preguiça que tenho em preparar meu cronograma para este semestre, sobre a saudade que sinto da minha Rata do Banhado (afilhada), sobre a Skamaleões (banda de ska/hardcore do Diego), sobre o apartamento que estamos querendo comprar, sobre a infinita importância de ganhar colo dos meus pais de vez enquando... enfim, sobre as coisas que mobilizam o meu dia-a-dia.

Acho que é porque às vezes fico sem paciência para a esfera pública. Ou porque de tempos em tempos fico um pouco egoístas e alienada. Ou porque as notícias DO jornal parecem apenas notícias DE jornal, sem conexão imediata com vida dos leitores. Ou porque às vezes, fazem um jornalismo roto e as conexões se perdem em meio ao formalismo... ah, mas também não quero falar disso, pura teoria ... risos
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Bom dia de chuva para vcs !

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livros, livros, livros - o que dizem sobre você?

Quarta-feira, dia 03 de junho de 2009.
Postado por Bibiana de Paula Friderichs às 18:50.


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Na época em que trabalhei no Centro de Referência de Literatura e Multimeios da Universidade de Passo Fundo, carinhosamente chamado por seus usuários de Mundo da Leitura, descobri um contentamento inusitado diante dos livros ditos infantis. Aprendi a olhá-los com seriedade e respeito, a significar suas falas e a representatividade delas para a infância, e, sobretudo, sua transversalidade com o universo adulto. Percorrendo as paredes daquele labirinto, colorido e luminoso, que transcende as estantes e o escorregador do ciberespaço, cai nos caminhos polissêmicos, e sem fim, que todo texto oferece. Depois disso, passei a acreditar que os livros não têm idade, e nem uma dessas outras amarras que gostamos de usar para classificar as coisas e guardá-las nesta ou naquela gaveta (como fazemos com as áreas, as disciplinas e a ciência de um modo geral). Os livros de literatura estão simplesmente, e para sempre, numa caixa de brinquedos, vasta e bagunçada.
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Para mim, à margem das classificações impressas da página dois de cada livro, estão os leitores, suas experiências de leitura, suas curiosidades e sua disponibilidade para ler. Um livro, então, é feito para qualquer leitor que queira lê-lo e crie com ele um elo de afeto e de identidade.
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O que importa se eu tiver quase trinta anos e o livro, apontar através da ficha catalográfica, que se trata de uma literatura “infantil”?
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O que importa se ele for apenas de imagens ou que conte a história de um homem que amava construir castelos de caixas?
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Sem essa de leitor ideal!
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Por isso, de vez em quando me pego comprando alguns livros “estranhos” sobre monstros alienígenas, porcos com rabinhos de mola, e flores gigantes! As moças da livraria e os outros adultos que me perdoem: não preciso e não quero inventar desculpas para isso!

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absurdos do mundo

Quinta-feira, 04 de março de 2009.
Postado por Bibiana Friderichs às 18:50.

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Ontem assisti com bastante atenção o noticiário da Rede Globo. Tanta atenção, que além do jornal veiculado a 01h da tarde, também acompanhei o último jornal transmitido pela emissora naquele dia. Vi, ouvi, mas custei a acreditar: estamos doentes.

Se tratava de uma menina, uma garotinha de 9 anos, e a Igreja, “do alto da sua autoridade” (DE MERDA, isso sim), resolveu excomungá-la, e com ela todos os médicos que a ajudaram!
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E o padastro estuprador, foi excomungado também??????
- *&~@#_C%~###~&**
Só?! É pouco....

MAS AFINAL, QUEM, QUEM A IGREJA E TODOS AQUELES BISPOS EMPAPADOS PENSAM QUE SÃO?

P.s.: E o Collor foi eleito presidente de uma comissão do senado brasileiro...
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Bom, deixa chover, deixa...
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inhas...

Quinta-feira, 04 de março de 2009.
Postado por Bibiana Friderichs às 18:50.
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agora é noite. ou manhã. já não sei mais as horas, nem a quais estações elas obedecem. os jardins mudaram de perfume e as cores mudaram de nome. o calor deixa um frio e um fio de saudade contida. olho através do vitral da janela, lá estão os carros, as bicicletas, as colisões, os passos. já não sei como lidar. todos os dinossauros se tornaram reais e os duendes dormem ao meu lado... será a saudade que se solidificou?
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recado que recebi ontem, do meu amigo Jardineiro.
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Terça-feira, 20 de janeiro de 2009.
Postado por Bibiana Friderichs às 14:34.

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Diálogos VI


Com o filme Madagascar 02, que vale mais pelas tramas paralelas e personagens secundários, como o Moto-Moto, os Pingüins (dizem que não existe mais trema...em todo caso...) e o fantástico Rei Julian, do que pelo enredo principal e o chato do Alex!


Segue o meu trecho favorito:


Certo dia, acaba toda a água da Savana...
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Rei Julian:
- Preste atenção eu vou ajudá-los. Só há um meio de conseguir sua preciosa àgua. Eu, seu amado Rei Julian , devo fazer apenas um pequeno sacrifício para meus amigos deuses da água, lá no vulcão!
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Rinoceronte:
- E como isso funciona?
M
Rei Julian:
- Como funciona? Ótima pergunta! Eu jogo o meu sacrifício lá no vulcãozinho. Aí os deuses amigos vão comer o meu sacrifício.

Conversa entre o Rei Julian e os deuses da água, encenada pelo próprio Rei:
- Hummm muito bom!
- Ah, vai comer outro sacrifício.
-Não obrigado, já comi demais.
- Eu vou ficar muito chateado se vc não aceitar mais um sacrifício.
- Não quero comer outro sacrifício. Me esquece!
- Mas olha só pra vc, tá só pele e osso.
- Não já comi demais, vou engordar.

Rei Julian:
- Os deuses comem o sacrifício, ficam agradecidos me dão sua água, e eu dou pra vcs.
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Glória:
- O quê?

Animal da savana:
- E vai funcionar?

Rei Julian:
- Não! Quer dizer... Sim. Dá uma ajuda Morris!

Morris:
- Hummmm... meio à meio.

E a savana explode em alegria... He He He He...
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P.S.:
01 - Ver trecho do filme aqui! (em inglês).
02 - Adoramos ser iludidos por reis, super-heróis e soluções fáceis... Viu! Alguém já disse certa vez que vivemos em um simulacro, onde tudo é só fragmentos e representação... né Baudrillard?!
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sons I



É um poema/música que conheci tempos atrás, mas ainda combina com os meus pensamentos de um novo ciclo ... círculo... triângulo... quadrilátero... losângulo... pode escolher qualquer forma calendar que queria, qualquer mesmo, aquela que melhor servir pra entender o teu mundo, assim como entendo o meu:


"até os dias de chuva tem suas cores..."
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Breve Oração De Virada De Ano
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música de Arthur De Faria sobre poema de Daniel Galera

Deus, por favor não mais permita que os cachorros me
dirijam olhares tristes por trás das grades do jardim das casas.

Deus, poupe-me também dos olhares tristonhos das
empregadas que contemplam a cidade apoiadas nas sacadas dos prédios.

Tira, por favor, de todos os asilos, os adesivos do
Ecco Salva afixados nas paredes.
Que as vastas platéias de cinema sejam sempre ocupadas
por uma única pessoa, e que na saída do filme chova
invariavelmente.

Bota fim, Deus, a esse constrangimento injustificado
que faz com que as pessoas desistam de trepar e dar
abraços, mesmo quando elas sabem que isto seria necessário.

Convence a todos da impossibilidade do amor, e observa
enquanto descobrem o amor como a única possibilidade.

Quanto aos pecados capitais, peço que tornes a Gula
compatível com a Vaidade, a Preguiça compatível com a
Avareza, a Ira compatível com a Inveja, e que a
Luxúria soterre todas as anteriores.

Acabe com a Aids, Deus.

Que todos tenham plena consciência de que vão morrer
definitivamente, e que na hora da morte não possam
evitar um breve sorriso de desobediência infantil. E
conserva os dentes dentro de nossas bocas, para que
apodreçam conosco.

Que persista no tempo apenas aquilo que fomos capazes
de criar.

Peço que amanhã de manhã, Deus, eu seja acordado com o
peso familiar de um certo corpo em cima do meu.

Que o sol invada minha barraca, brando, resignado.
Então será o ano 2000, mas não fará diferença.

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gatos meu queridos


*
*
*
hoje chove no meu dia. chove e me faltam os panos. nem brancos, nem coloridos, nem desbotados. cadê aquele retalhinho pedit poá que eu ganhei da minha vó? qualquer tira de renda ou algodão. tecidos para enfeitar a chuva, para secar a rua, para enrolar os gatos. fuxicos para coser. crochês multicores. e as cestinhas, no canto da sala, vazias. quando o sol sair farei dois bonecos de pano: um preto e um caramelo. serão minhas lembranças desse dia chuvoso.

Para Félix e Theo com amor e saudades... em 23.10.2008
*
*
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ir.

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dupla poesia


todo dia ele se olhava no espelho e dizia para si mesmo:
– esse sou eu!
e ria, e ria!

até que a imagem do espelho se desfez.
às vezes ele não sabia quem era.
... vai ver, nao havia mágicos, nem espelhos
...nem espelhos-mágicos.

era tudo só faz-de-conta, mesmo.
ou mundo tinha virado do avesso.


Texto meu e do Gênio Alves [29.05.07] .

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    "ao reescrever o que dissemos, protegemo-nos, vigiamo-nos, riscamos as nossas parvoíces, as nossas suficiências (ou insuficiências), as hesitações, as ignorâncias, as complacências; [...] a palavra é perigosa porque é imediata e não volta atrás; já a scriptação tem tempo à sua frente, tem esse tempo próprio que é necessário para a língua dar sete voltas na boca; ao escrever o que dissemos perdemos (ou guardamos) tudo o que separa a histeria da paranóia" (BARTHES, 1981, p.10).

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quem é a garota da vitrine?

Minha foto
Sou formada em Radialismo e Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e desde 2004 atuo como professora dos cursos de Comunicação Social na mesma instituição. Ainda na UPF, fiz especialização em Leitura e Animação Cultural, e recentemente concluí o doutorado pela PUCRS. Sempre trabalhei com o universo radiofônico, pelo qual sou apaixonada. Gosto particularmente das suas aproximações com a arte. Minhas últimas descobertas de pesquisa rondam em torno da produção de sentido (em nível verbal e não-verbal) sob a perspectiva semiológica.

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pelo caminho...

pelo caminho...
lendo... só lendo e imaginando uma história da nossa suposta história...

O museu é virar a gente de ponta cabeça. Tem versão digital ao clicar na imagem.

da era do pós-humano.

de Brenda Rickman Vantrease, sobre os poderes que se interdizem desde o início dos tempos.

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o que são scriptografias e outras escrivinhações?

O título deste blog foi inspirado nas observações feitas por Roland Barthes a cerca do processo de produção e significação dos textos que circulam pela prática social. Ele fala em scriptação, escrita, escritor e escrevente. No entanto, o nome scriptografias e outras escrivinhações, não passa de uma "licença" poética, por assim dizer, com o objetivo de nominar um espaço de livre expressão, em formatos e temas que fazem parte do meu cotidiano, assim como do cotidiano de quem por aqui passar.
    hola !



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