Das coisas que aprendemos
Passo Fundo, 08 de março de 2013.
Acabei
de assistir ao documentário “Tropicália”, de Marcelo Machado. Suspirei um
pouco, ri um pouco, chorei um pouco e lembrei porque documentários são feitos e
porque escolhi ser jornalista.
Em
certo momento, durante o filme, Caetano aparece (no auge do Tropicalismo) sendo
vaiado, enquanto canta "É proibido proibir". Diante do público
inquieto, derrama:
-
"se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos."
Essa
frase me atravessou (e o que somos senão sujeitos construídos por
atravessamentos?). O extraordinário de ouvi-la hoje, é que permite compreender como,
mesmo quase quarenta anos depois, sua música, sua arte e as dinâmicas
disparadas pelo grupo tropicalista ainda podem ser ressignificadas.
Sim,
porque penso que poderíamos repetir o axioma do artista diante do cenário
estético e político do Brasil hoje. Mais do que isso, temo que Caetano tenha
previsto o futuro.
Vejo
abismada que nossos eleitos são tão corruptos, fracos ou incompetentes quanto o
gosto musical predominante. Gosto esse pautado por um tipo de canção, cujas
letras promovem a objetivação da mulher, degradam seu papel social, e
reproduzem/fortalecem um estereótipo, que historicamente tentamos desconstruir, e
que eu não gostaria de deixar de herança para ninguém.
Bingo.
É para isso que servem os documentários, e é para isso que serve o Jornalismo. Para
não nos deixar esquecer, nos acordar para o passado, para estabelecer conexões,
para nos lembrar de que a história é cíclica, polissêmica, e que ao olhar para
ela temos a oportunidade de compreender o presente e antecipar/transformar o
futuro.
1 comentários:
Não fecha a cortina! kkkkk
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