O que será que há?

Passo Fundo, 20 de setembro de 2011.

Certa vez li em Barthes que todo o texto nos arrasta por seu tecido. Aliás, o autor defende que existem três vias através das quais um texto pode capturar o leitor: 1) por meio da relação fetichista que ele estabelece com as palavras, as imagens, os enquadramentos, ou melhor, o prazer de descobrir aquele conjunto de frases, de cenas, de seqüências; 2) o poder de suspense da narrativa, que ao mesmo tempo em que acontece também termina-se, pouco a pouco, diante de nós; e 3) o desejo da escrita,  “o desejo que o escritor teve de escrever: desejamos o desejo que o autor teve do leitor enquanto escrevia, desejamos o ame-me que está em toda escritura” (pg.50).

Assim, seguimos lendo, ora motivados pela ânsia de nos reencontrar no texto, ora pelos abalos que ele pode nos causar, e ora pela fruição de uma nova escrita, em particular se ela for parte de um discurso de rupturas, que se desenrola margeando a linguagem.

Atenta ao meu velho guia, observo que tenho lido muito, mas talvez não esteja lendo o suficiente, ou os textos certos, ou os lendo direito (existe isso?). O fato é que não tenho vontades de escrivinhações. O que será que há? 

2 comentários:

Anônimo disse...

Será uma síndrome pós doutorado???!! hehehehe!! ;)

Bibiana Friderichs disse...

isso é super possível!!! hehehe

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    "ao reescrever o que dissemos, protegemo-nos, vigiamo-nos, riscamos as nossas parvoíces, as nossas suficiências (ou insuficiências), as hesitações, as ignorâncias, as complacências; [...] a palavra é perigosa porque é imediata e não volta atrás; já a scriptação tem tempo à sua frente, tem esse tempo próprio que é necessário para a língua dar sete voltas na boca; ao escrever o que dissemos perdemos (ou guardamos) tudo o que separa a histeria da paranóia" (BARTHES, 1981, p.10).

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quem é a garota da vitrine?

Minha foto
Sou formada em Radialismo e Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo e desde 2004 atuo como professora dos cursos de Comunicação Social na mesma instituição. Ainda na UPF, fiz especialização em Leitura e Animação Cultural, e recentemente concluí o doutorado pela PUCRS. Sempre trabalhei com o universo radiofônico, pelo qual sou apaixonada. Gosto particularmente das suas aproximações com a arte. Minhas últimas descobertas de pesquisa rondam em torno da produção de sentido (em nível verbal e não-verbal) sob a perspectiva semiológica.

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pelo caminho...

pelo caminho...
lendo... só lendo e imaginando uma história da nossa suposta história...

O museu é virar a gente de ponta cabeça. Tem versão digital ao clicar na imagem.

da era do pós-humano.

de Brenda Rickman Vantrease, sobre os poderes que se interdizem desde o início dos tempos.

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o que são scriptografias e outras escrivinhações?

O título deste blog foi inspirado nas observações feitas por Roland Barthes a cerca do processo de produção e significação dos textos que circulam pela prática social. Ele fala em scriptação, escrita, escritor e escrevente. No entanto, o nome scriptografias e outras escrivinhações, não passa de uma "licença" poética, por assim dizer, com o objetivo de nominar um espaço de livre expressão, em formatos e temas que fazem parte do meu cotidiano, assim como do cotidiano de quem por aqui passar.
    hola !



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